Posse da nova diretoria da CONTAG
de resistência”
No último dia 24 de abril, Vânia Marques Pinto assumiu a presidência da Confederação Nacional dos Trabalhadores Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), fazendo história como a primeira mulher a ocupar esse cargo nos mais de 60 anos
da entidade.
Amalia Antúnez
29 | 4 | 2025

Foto: Amalia Antúnez
Em seu discurso de posse, Vânia relembrou suas origens como assentada da reforma agrária e sua trajetória sindical, que a levou —aos 36 anos— a assumir a presidência da maior organização sindical camponesa do mundo.
Ela também destacou a importância das alianças e da unidade sindical em um momento em que o cenário global assiste ao ressurgimento e à expansão da extrema direita e seus discursos de ódio e intolerância às dissidências.
“Por toda a minha trajetória no movimento sindical, entendi que minha missão é abrir portas para que outras mulheres avancem comigo. E se hoje cheguei até aqui, não chego sozinha, venho carregando toda a minha ancestralidade, e por isso quero saudar a todos de uma forma muito especial”, disse emocionada a nova presidenta da Contag.
“Este é um momento muito difícil, mas assumo o compromisso de honrar especialmente todas as mulheres que vieram antes de mim”, ressaltou.
Em seu discurso fora do protocolo, Vânia lembrou da importância de uma reforma agrária efetiva que garanta o direito real à terra àqueles que querem trabalhar nela e da promoção de políticas públicas que assegurem a permanência dos assentados e uma mudança no paradigma da produção agroalimentar.
“Precisamos rever nossa forma de produzir, rever a estrutura fundiária, para que a agricultura familiar seja valorizada e para que possamos, de fato, ter soberania e segurança alimentar. Que existam políticas sobre sementes crioulas, por exemplo”, destacou.
A dirigente afirmou que a agricultura familiar brasileira tem potencial para alimentar o mundo.
“Mesmo nas condições em que se produz hoje, os agricultores e agricultoras familiares são responsáveis por parte fundamental da produção de alimentos. Estamos, além disso, prestes a sediar a COP 30, que debaterá a mudança climática”, ressaltou.
“Acredito que a agricultura familiar pode ser a solução para conter o avanço devastador da mudança climática, mas precisamos de recursos para isso”, frisou.
Vânia concluiu pedindo ao presidente Lula da Silva, por meio dos ministros presentes no ato, que coloque a agricultura familiar no centro das atenções de seu governo e destine recursos para que se possa fazer a transição para um novo modelo de produção, livre de agrotóxicos e que garanta a soberania e a segurança alimentar dos brasileiros e brasileiras.
“Somos sementes de resistência”, conclamou.
A Rel UITA, convidada para a cerimônia, homenageou toda a diretoria também em nome da Federação dos Trabalhadores da Agroindústria (Flai-Cgil) da Itália.

Vania Marques Pinto y Amalia Antúnez | Foto: César Ramos | Contag