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SEARA e JBS podem pagar R$ 29 milhões por irregularidades trabalhistas

O Ministério Público do Trabalho na Bahia e o Projeto Nacional de Frigoríficos Ajuizaram Ação Civil Pública postulando a condenação da Seara Alimentos Ltda. e a JBS, em R$ 29 milhões por dano moral coletivo.

As irregularidades com relação às normas de saúde e de segurança foram investigadas no frigorífico de São Gonçalo dos Campos, onde foram registrados, nos últimos anos, mais de 50 acidentes de trabalho com mutilações e duas mortes.

Acidentes graves e fatais

O início das investigações ocorreu em 2008, ainda na empresa Avipal, quando a empregada Janete Gomes de Souza sofreu acidente enquanto manejava um equipamento sem capacitação e proteções devidas, resultando em uma lesão na cabeça.

Após a aquisição pela Seara Alimentos, outro acidente, em 2013, levou à morte de Valmir Nascimento Fernandes, que trabalhava no elevador quando foi imprensado.

Em 2016, outro óbito, desta vez de Osmar Brandão Cazumbá, chamou a atenção do MPT para a quantidade de acidentes fatais na empresa.
O trabalhador fazia a limpeza de uma máquina quando caiu e foi esmagado, sofrendo traumatismo cranioencefálico, raquimedular e torácico.

Nos acidentes, a culta da empresa pela ausência de segurança foi reconhecida por Fiscais do Trabalho, Técnicos do CESAT e pela Polícia Técnica.

Jornadas exaustivas

Além do descaso com as normas de segurança, levantamento realizado pelo MPT comprovou que, somente no período de 16 de setembro a 16 de outubro de 2017, ocorreram 1.132 jornadas superiores a 10 horas diárias.

O frigorífico também não observa a redução da hora noturna, para nenhum efeito legal, subtraindo, cerca de 30 minutos diários, a título de horas extras, de centenas de empregados.

Tutela de urgência

Para adequar o meio ambiente de trabalho e as jornadas dentro do que estabelece a lei, o MPT pede a concessão de tutela de urgência, para que o frigorífico adote medidas de proteção para o trabalho em máquinas e equipamentos (NR 12); reduza os níveis de ruídos (NR 9); institua métodos adequados de deslocamento de cargas (NR 17 e 36); adote medidas coletivas de proteção contra o vazamento de amônia (NR 36); observe as medidas de proteção no trabalho em altura (NR 35); proceda a adequação das instalações elétricas (NR 10); cumpra os limites de duração do trabalho e a redução da hora noturna (art. 59 e 73 da CLT), dentre outras.

O ajuizamento da ação ocorreu após oito tentativas de firmar Termo de Ajuste de Conduta. Assinam a Ação Civil Pública o procurador chefe, Luís Carlos Gomes Carneiro Filho; as procuradoras do Trabalho Silvia Siqueira Valença, Annelise Fonseca Leal Pereira e Rosineide Mendonça Moura e os coordenadores do Projeto de Frigoríficos, procuradores Lincoln Cordeiro e Sandro Sardá.

De acordo com a procuradora Silvia, “a cada passo das investigações, o ambiente de trabalho nocivo da empresa foi sendo exposto, assim como os efeitos negativos e permanentes na saúde de seus empregados.

Por isso foi se tornando mais urgente o resgate do ideal de segurança no trabalho, fechando a torneira de ilícitos que estava destruindo a vida dos trabalhadores”.
 
MPT

Nota do Editor: Agradecemos a Sandro Sardá o envio desta notícia