Intervenção de Alcemir Pradegan, "Costela"
nada mudará"
Durante a celebração dos 50 anos do Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação de Marau, seu presidente refletiu sobre o papel do movimento sindical em um cenário cada vez mais desafiador para a classe trabalhadora. A seguir, um resumo de sua intervenção.
Gerardo Iglesias
28 | 11 | 2024
Alcemir Pradegan “Costela” | Foto: Gerardo Iglesias
Quando entrei no Sindicato, percebi que os dirigentes não só recebemos o apoio dos trabalhadores e das trabalhadoras, recebemos uma oportunidade, uma obrigação e um compromisso de representá-los.
Nestes 50 anos, não fomos um sindicato perfeito, não triunfamos em todas as lutas que empreendemos, mas tivemos a convicção de que poderíamos vencê-las.
Criamos um sindicato cidadão que participa de conselhos de moradia, da saúde, do emprego e da renda, de associações de mulheres.
Começamos a abrir o local sindical aos sábados porque temos muitos filiados que trabalham nesse dia e precisavam ser atendidos.
Criamos também o sindicato móvel, que percorre as empresas, e fomos ampliando nossa estrutura, o número de associados, os benefícios. Tudo isso implicou novos desafios.
O que foi conquistado não é fruto do trabalho isolado do presidente, mas do coletivo, da diretoria e de muitas pessoas que passaram por nossa organização ao longo desses anos.
Realizamos um trabalho importante assessorando juridicamente os filiados e filiadas. Contamos com diversos profissionais de diferentes áreas que prestam assistência aos associados.
Mas quando pensamos que está tudo bem, é aí que erramos. Devemos ter uma visão muito diferente daquela dos dirigentes de 50 anos atrás, sem desmerecê-los.
Infelizmente, estamos atualmente em um cenário em que alguns sindicalistas nos fazem a gente sentir vergonha, usando seu papel para fazer o que bem entendem, e é aí que vejo o erro.
Nós devemos ter um olhar diferente, uma escuta diferente, um discurso diferente e ações.
Não gosto de falar sobre partidos políticos, mas a esquerda não vai mudar enquanto nós não tivermos um espírito de luta, nem enquanto nós não entendermos que somos representantes dos trabalhadores e das trabalhadoras.
Até que aprendamos isso, nada vai mudar. É preciso ter consciência de que toda mudança gera uma reação nas pessoas. Não podemos agir de forma radical, impondo uma postura por imposição.
O grande desafio é conseguir aproximar aqueles que não pensam como nós, ou que agem de forma diferente, porque essa é a chave para avançarmos na luta.
Me desculpem, mas se os dirigentes sindicais não trabalham com amor, com entrega, é melhor que não estejam no sindicato.
Ser sindicalista não é ter um cargo, é trabalhar pelo bem-estar de nossas bases. Essa é a nossa missão.
Para mim, o mais simples seria ficar em casa tomando chimarrão, aproveitando minha família, pois já tenho 62 anos, mas sinto que nasci para isso e vou morrer fazendo isso, porque levo o sindicalismo no coração.