“Assumo este cargo com muita responsabilidade e também com muita expectativa de trabalho e crescimento para o meu sindicato. Temos muitos desafios pela frente, principalmente superar a discriminação contra as mulheres, em um setor marcadamente machista, como o rural”, destaca.
Felícia presidirá o STR Livramento por um período de quatro anos, com uma particularidade: várias mulheres compõem a direção do sindicato, incluindo também jovens dirigentes e sindicalistas experientes, uma “mistura” que promete.
Consultada sobre seus planos de trabalho no curto prazo, a dirigente destacou a necessidade de realizar um trabalho específico com os trabalhadores e as trabalhadoras migrantes da região.
“Temos conhecimento de vários casos de assalariados e assalariadas rurais que cruzam a fronteira com o Uruguai e vão trabalhar no campo, em qualquer atividade, chegando sem documentos e sem qualquer tipo de garantia.
Registramos casos de pessoas que nos procuraram para denunciar estarem trabalhando em condições análogas à escravidão. Tivemos que pedir ajuda jurídica, porque a situação superava a alçada do sindicato”, lamenta.
“Eu gostaria muito de fazer, após sairmos da crise gerada pela pandemia, alguma atividade com as assalariadas e os assalariados rurais migrantes. É um assunto preocupante e que deve ser considerado prioritário”.
No que diz respeito ao trabalho com as mulheres, Felícia reconhece no Comitê Latino-Americano de Mulheres da UITA (Clamu) uma ferramenta fundamental para aproximar mais e mais assalariadas ao sindicato, e para gerar ações com perspectiva de gênero.
“Este é um ambiente muito machista. Foi graças às primeiras reuniões e oficinas realizadas junto com o Clamu, com a Rel UITA e com a Federação dos Trabalhadores Rurais do Rio Grande do Sul (Fetar-RS) que muitas de nós nos animamos a participar das atividades sindicais”, conta.
“Várias destas companheiras que hoje fazem parte da diretoria se aproximaram graças ao trabalho que a Rel UITA e o Clamu realizaram em 2019 com as trabalhadoras rurais da região”, afirma.
Felícia é uma participante fiel das reuniões, seminários e oficinas virtuais que o Clamu organiza desde 2020.
“O Clamu abriu muitas portas para mim e eu soube aproveitá-las. Desde que formo parte ativa do comitê, me sinto mais empoderada, além de estar mais próxima de minhas companheiras mulheres do Brasil e da América Latina”.