Brasil | SINDICATOS | CONJUNTURA
Com Jeovani Roveda
“Precisamos urgentemente de um plano de formação sindical”
Trabalhador do setor de laticínios desde 2005, o jovem presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação de Encantado, no Rio Grande do Sul, recebe a Rel no próprio sindicato, que completará 50 anos em 2023. Jovani ressalta a necessidade de um plano de formação sindical. “Eu mesmo preciso disso”, diz ele.
Gerardo Iglesias
09 | 08 | 2022
Jovani Roveda | Foto: Gerardo Iglesias
-Enfrentamos uma conjuntura político-social extremamente complicada no Brasil. Como você vê esse cenário?
-É um ano de eleições. Em outubro, nas urnas, teremos a oportunidade de mudar de governo. Nosso sindicato está em sintonia com a Federação e estamos apoiando a candidatura do ex-presidente Lula.
Muitas vezes os trabalhadores vêm aqui pedir ajuda ao sindicato porque suas reivindicações estão paradas na justiça e não conseguem nem receber o que as empresas lhes devem.
Então aproveitamos para dizer a vocês que em outubro temos a oportunidade de mudar de panorama! Os trabalhadores estão sendo prejudicados de forma gigantesca desde o afastamento de Dilma Rousseff e com o governo de Michel Temer, que impôs uma reforma trabalhista responsável por esta terrível precarização do trabalho.
Por sua vez, o governo de Jair Bolsonaro eliminou o Ministério do Trabalho, rebaixando-o a ser apenas uma secretaria, sendo este mais um de seus ataques contra a classe trabalhadora.
-No nível social, há diferença entre a região Sul do atual governo e a dos anteriores de Dilma e Lula?
-Sim. O atual governo enfatiza a divisão, deixa claro que tem uma política para as classes abastadas, para os empresários, para o agronegócio e outra muito diferente para a classe trabalhadora.
Mas há também a peculiaridade de estarmos socialmente polarizados. Eu noto isso dentro da minha própria família.
Aqui na nossa região, no Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, temos pleno emprego porque é uma área industrial que, por outro lado, avança em projetos turísticos que exigem mão de obra para construção civil. Isso faz com que as indústrias de alimentos careçam de pessoal.
-Estes postos de trabalho são ocupados por trabalhadores imigrantes?
-Sim, principalmente no setor dos frigoríficos, onde as condições de trabalho são mais precárias. Há muitos venezuelanos, senegaleses, haitianos e dominicanos.
No frigorífico Dália Alimentos, dos 2.000 trabalhadores da folha de pagamento, pelo menos 400 são imigrantes, em sua maioria haitianos.
-O sindicato representa trabalhadores e trabalhadoras de frigoríficos, conservas, laticínios, incubadoras de aves e principalmente ervateiras, abundantes na região. Quantos filiados e filiadas há hoje?
-Cerca de 1.300. Para nós é um pouco difícil aproximar a juventude, mas essa é uma de nossas obrigações.
Os jovens muitas vezes não têm noção do papel do sindicato, tornando-se necessário traçar novas estratégias de formação para reverter esta situação.
Precisamos urgentemente de um plano de formação e de educação sindical.
Neste momento, estamos organizando jornadas de informação com a FTIA-RS, indo até as empresas e os frigoríficos para informar sobre os acordos e convênios vigentes e ver se estão sendo cumpridos.
Mas certamente precisamos de cursos de capacitação. Aliás, eu seria o primeiro a participar, porque também estou precisando!
Contamos com a UITA!