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Com o dirigente trabalhista Elpidio Francis

Perseguição sindical e demissões arbitrárias na Unilever Equador

O Sindicato dos Trabalhadores da Unilever Andina SA foi fundado em 27 de dezembro de 2014 e até alguns dias atrás contava com 117 operários sindicalizados de um total de 180 funcionários. Elpidio Francis, secretário-geral do sindicato, conversou com a Rel sobre as dificuldades que enfrentam na unidade da transnacional em Guayaquil, onde produzem sorvetes e margarina. A empresa está demitindo os trabalhadores que adoecem nas linhas de Produção.

-Quantos trabalhadores e trabalhadoras o sindicato reúne?
-Nós éramos 117 no total, mas há alguns dias eles demitiram cinco companheiros, então agora somos 112, incluindo oito mulheres.

-Quais foram os antecedentes do conflito que levou vocês a enfrentarem a Unilever?
-Há dois anos, alguns companheiros ficaram doentes devido ao movimento repetitivo que devem realizar durante jornadas de até 12 horas, durante três ou quatro dias por semana. Estes companheiros, que estavam em tratamento médico, também estavam perto de demonstrar que era uma doença ocupacional, quando foram arbitrariamente demitidos pela empresa. A  Unilever Andina nem sequer avisou ao sindicato sobre esta decisão, e é isso o que nós estamos denunciando.

Tanto o gerente da fábrica como o chefe de Recursos Humanos insistem em sua versão de que esses trabalhadores não rendiam 100 por cento e, portanto, se sentiram no direito de prescindir de seus serviços.

O conflito eclodiu quando outros trabalhadores que também apresentam lesões, mas que não são filiados ao nosso sindicato, e sim à Associação dos Trabalhadores, uma organização alinhada com a empresa, não foram demitidos.

-Então você interpreta essa ação como antissindical?
-Claro, porque apenas os companheiros que estavam doentes e que formam parte do nosso sindicato foram demitidos, o que configura uma perseguição contra aqueles que fazem parte da nossa organização.

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Com isso, qualquer um que quiser se filiar vai sentir que corre o risco de ser demitido.

Trabalhar e ficar doente

-Quantos trabalhadores têm problemas de saúde ligados ao trabalho?
-Existem muitos companheiros com problemas de saúde, mas a maioria tem medo de torná-los conhecidos, porque estão cientes de que sofrerão represálias.

A Unilever Andina está violando até mesmo regulamentos de segurança ocupacional.

-Quais são as doenças mais comuns?
-Tendinite, por causa de problemas devido ao trabalho repetitivo, hérnia de disco e cervical, devido a uma má postura e, em alguns casos, síndrome do túnel do carpo.

Todas as pessoas demitidas no final de maio estavam em tratamento médico, e este não é o primeiro caso em que a empresa descarta trabalhadores doentes.

-Que medidas o sindicato tomou?
-Estamos realizando as denúncias pertinentes e a denúncia pública de que a Unilever Andina não respeita a liberdade sindical nem os direitos dos seus funcionários.

Também exigimos que os trabalhadores demitidos sejam reintegrados e realocados em outra seção até que se recuperem de suas doenças. Se isso não for possível, que pelo menos recebam uma indenização à altura de sua situação.

Queremos que os nossos direitos sejam respeitados, nem mais, nem menos.