Com Geni Dalla Rosa
Gerardo Iglesias
5 | 8 | 2024
Geni Dalla Rosa | Foto: Gerardo Iglesias
Secretária de Comunicação da CONTAC, Geni é uma referência do movimento sindical da alimentação no plano nacional e internacional.
Nos anos 80, seu papel foi protagonista na construção da Comissão de Mulheres da Federação dos Trabalhadores da Alimentação do Estado do Rio Grande do Sul (FTIA/RS), precursora decisiva na formação do Departamento da Mulher da Rel UITA anos mais tarde.
O Seminário Nacional de Saúde e Trabalho no Setor da Alimentação da CONTAC em Chapecó (SC, 25/26.07), foi nosso local de encontro e motivo do nosso diálogo.
—Como você avalia o seminário?
—Foi positivo. Sempre comento que um seminário depende da capacidade e sensibilidade dos conferencistas, e aqui tivemos conferencistas de alto nível que aprofundaram temas importantes, propiciaram troca de ideias e transmitiram muita informação.
Um tema altamente preocupante são os frequentes vazamentos de amônia nos frigoríficos e suas consequências para a saúde dos trabalhadores e trabalhadoras. As exposições do farmacêutico Leandro Vargas B. de Carvalho e do Dr. Roberto Ruiz foram esclarecedoras sobre essa problemática.
Há poucos dias houve um vazamento na Cooperativa Aurora na cidade de Sarandi (RS), relativamente perto daqui, e 20 trabalhadores e trabalhadoras precisaram serem atendidos no hospital.
Há um ano, para citar uma data, na unidade da JBS em Marabá, no Pará, 100 trabalhadores foram intoxicados, e isso ocorre, segundo Leandro Vargas, a cada 17 dias há um vazamento de amônia nos frigoríficos do Brasil. Uma barbaridade.
—Gerando consequências sérias para a saúde...
—Claro! No seminário participou uma companheira que foi vítima de um vazamento de amônia em um frigorífico e depois desse acidente, você a viu, vive carregando uma bomba de oxigênio portátil.
Por outro lado, o seminário abordou a problemática da consequência da aplicação intensiva de agrotóxicos. Estamos comendo veneno, essa é a verdade.
Chegamos ao extremo, como você mencionou, onde mais de 90% das análises de água realizadas no país detectaram traços de resíduos de agrotóxicos, e o percentual está aumentando.
Essa situação nos obriga a retomar o trabalho da CONTAC e da Rel UITA, onde fomos pioneiros. Hoje o veneno está na mesa, matando e contaminando tudo.
Temos muitos desafios, mas ficou claro neste seminário que contamos com aliados de primeira linha para desenvolver uma luta frontal pela saúde, pelo ambiente e pelo trabalho digno.