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Com o procurador do Trabalho Lincoln Cordeiro
Morre jovem trabalhador da BRF
Outra absurda tragédia
Um jovem de 19 anos morreu enquanto limpava uma máquina em um frigorífico da BRF, na cidade de Toledo, no estado do Paraná. O acidente ocorreu na madrugada da sexta, 27 de maio e, segundo declarações de seus companheiros, o trabalhador estava sozinho nesse momento.
Amalia Antúnez
03 | 06 | 2022
Lincoln Cordeiro | Foto: Nelson Godoy (archivo)
Conversamos com o procurador do Ministério Público do Trabalho, Lincoln Cordeiro, sobre está nova tragédia que tem, outra vez, um frigorífico como protagonista. Cordeiro é coordenador do Projeto Nacional de Adequação das Condições de Trabalho nos Frigoríficos, também do Ministério.
Cordeiro, sempre amável e disposto a atender a Rel UITA, foi categórico ao referir-se a este novo acidente como uma tragédia absurda.
“O caso deste trabalhador já está em processo de trâmite administrativo na Procuradoria Geral do Trabalho de Cascavel” e o Projeto Nacional de Adequação das Condições de Trabalho nos Frigoríficos dará prosseguimento às investigações, afirmou.
Cordeiro lembrou que “os frigoríficos são um dos setores que mais geram acidentes de trabalho e doenças ocupacionais no país e, em alguns estados, são verdadeiros campeões de acidentes.”
Esse novo caso acontece, além disso, num cenário no qual as empresas frigoríficas “estão buscando precarizar as condições de saúde e segurança de seus funcionários.”
Nesse quadro, inscreve-se a tentativa de flexibilização da norma que regulamenta as condições de trabalho em frigoríficos, a NR36.
A revisão da NR36 foi suspensa depois de uma férrea resistência por parte das organizações sindicais que representam os trabalhadores do setor, de acadêmicos vinculados à medicina do trabalho e do próprio MPT.
“Quando se retira o direito a um ambiente de trabalho digno, quando as condições laborais não são seguras, se está exposto ao acontecimento de tragédias evitáveis. Uma investigação concreta e aprofundada do que aconteceu na BRF é essencial”, apontou.
“Não é normal que uma pessoa vá trabalhar e perca a vida. Este fato será investigado de forma exaustiva pelo Ministério Público para aclarar eventuais responsabilidades”, concluiu.