Da mesma forma que os seus companheiros e companheiras, foi despedido de forma abrupta pela empresa.
“No sábado, dia 2 de março, quando terminei meu turno às 3 da tarde, o terminal portuário já estava praticamente vazio e havia uma fila interminável de caminhões para levarem embora os últimos contêineres.
A empresa se comportava como se tudo estivesse normal, mas nós estávamos muito angustiados. Como não pensar nos trabalhadores da Dole que acabavam de ser todos despedidos?
No domingo, um companheiro me mandou por WhatsApp a imagem de um comunicado. A empresa Chiquita Brands simplesmente fechava as portas e nos despedia. Senti como se tivessem me jogado um balde de água fria. Foi um sentimento horrível a ponto que precisei sair de casa.
Comecei a pensar em todas as responsabilidades e senti uma grande incerteza com relação ao meu futuro. Depois, reagi e pensei que foi uma total falta de respeito. Levamos foi uma facada pelas costas da empresa Chiquita Brands”.
Uma empresa que nunca deu as caras, nem sequer se preocupou com as consequências dessas ações que violam os direitos fundamentais de centenas de trabalhadores e trabalhadoras, juntamente com suas famílias.
Um comportamento cínico típico da Chiquita Brands desde sua aquisição pelo consórcio brasileiro Cutrale-Safra. A mudança de proprietários marcou um antes e depois nas relações entre trabalhadores e empregadores.
“Quando os brasileiros chegaram, tudo mudou. Começou o recorte de pessoal, a sobrecarga de trabalho e a redução do das horas extras. Em resumo, mais trabalho para as mesmas jornada de 8 horas, visando a minimizar os custos na folha de pagamento e a aumentar a produção. Os novos proprietários nos espremeram durante anos para depois nos jogarem fora”.
Chiquita Brands justificou o fechamento do terminal portuário e a demissão de todo o pessoal, colocando a culpa na recente abertura da Terminal de Contêineres de Moín (TCM), administrada pela transnacional APM Terminals.
“É uma enorme mentira. O que fizeram foi terceirizar o nosso trabalho. Fomos substituídos por terceirizados que trabalham em outros prédios em Limón. Lá estão todos os contêineres da Chiquita.
A decisão de nos demitirem se deve aos objetivos de destruir o sindicato, de acabar com o convênio coletivo e com os direitos trabalhistas, visando a baratear os custos. Chiquita se aproveitou da atual conjuntura para acabar com a organização – Sintracobal- que vem defendendo os interesses das e dos trabalhadores”.
Nevick está casado e tem duas filhas. Não passa um só dia sem pensar no futuro.
“É uma situação muito difícil porque em Limón não há trabalho e nos terrenos onde a Chiquita terceiriza os trabalhos, o risco de acidente é bastante alto, e além disso as condições de trabalho são péssimas e o salário uma miséria.
Estou considerando a possibilidade e ser autossuficiente e, com o apoio de alguns companheiros, iniciar um pequeno negócio.
Enquanto isso, vou continuar apoiando o sindicato para ganharmos esta luta.