Dan Gallin, um dos dirigentes mais importantes da história do sindicalismo internacional, faleceu aos 94 anos de idade.

Secretário-geral da União Internacional dos Trabalhadores da Alimentação (UITA) por muitos anos, conheci Dan em 1985, na Dinamarca, durante um congresso sindical do setor de hotéis e restaurantes.

Após o congresso na Dinamarca, Dan me convidou para uma Conferência Internacional de Hotelaria e Turismo da UITA, realizada na cidade portuguesa de Estoril. Foi meu primeiro contato com ele e com outro pilar da UITA, seu secretário regional para a América Latina, Enildo Iglesias.

Dan Gallin acreditava firmemente na solidariedade entre os povos e os trabalhadores, e sempre nos ensinou, aos jovens dirigentes sindicais da época, a importância desse valor.

Foi um líder pragmático, um militante de esquerda, com grande conhecimento político e sindical do cenário mundial, crítico feroz dos erros do movimento operário internacional e dos partidos social-democratas.

Ao lado de seu amigo, Olof Palme, apoiou com entusiasmo a Revolução Sandinista na Nicarágua e a luta contra o apartheid na África do Sul.

Foi um baluarte solidário da ofensiva operária contra a ditadura de Francisco Franco, na Espanha. Promoveu com vigor a campanha de denúncias sobre a situação em Urabá (Colômbia), quando a região bananeira era uma das mais perigosas do mundo para o sindicalismo.

Também merece destaque seu compromisso com o movimento sindical do Uruguai, onde a Secretaria Regional da UITA, em Montevidéu, liderada por Enildo, se transformou em ponto de encontro de jovens militantes e dirigentes que enfrentaram a ditadura cívico-militar (1973-1985) e deram origem ao Plenário Intersindical de Trabalhadores (PIT).

Após deixar a Secretaria Geral da UITA, fundou o Global Labour Institute, sua nova trincheira, de onde continuou contribuindo para o sindicalismo e a articulação política, tarefa que nunca abandonou em mais de 60 anos de trajetória.

Dan Gallin foi um mestre para mim.

Nosso amigo se foi. Que descanse em paz.