Morre um “líder tranquilo”
Carlos Amorín
22 | 4 | 2025

Foto: Vincenzo PINTO / AFP
Nesta segunda-feira, 21 de abril, faleceu em Roma, aos 88 anos, o Papa Francisco, após uma doença respiratória da qual aparentemente vinha se recuperando.
Foi o primeiro Papa latino-americano, argentino, e representou dentro da Igreja Católica uma força renovadora, comprometida com os mais pobres de maneira ativa e não apenas declarativa.
Seu interesse esteve sempre “nas periferias” de tudo, naquilo que habitualmente cai no cone de sombra projetado pelos diversos poderes estabelecidos dentro e fora do catolicismo.
Dialogou com inteligência e leveza com a sociedade, sem poupar possíveis consequências vindas daqueles que se opunham a ele, e muito. Enfrentou os abusos sexuais cometidos por padres pedófilos, os abusos emocionais e espirituais de fanáticos e fundamentalistas do catolicismo, as obscuras finanças do Vaticano, os militarismos e as guerras, os violadores dos direitos humanos, e abriu portas para as diversidades de gênero, entre outras batalhas.
O meio ambiente e seus desafios ameaçadores sempre ocuparam um lugar central em suas preocupações, expressas sem rodeios, especialmente em sua encíclica “Laudato si”, publicada em maio de 2015, e sobre a qual a Rel UITA publicou um artigo apenas dois meses depois.
Morreu um “líder tranquilo”. Sua voz sempre soou pacífica e inclusiva, assim como sua prédica. Para além da religiosidade, muitos de nós o sentimos como um próximo, como um Papa humano, atento às necessidades da sociedade, à sua evolução e aos seus devaneios.
Onde quer que esteja, obrigado Francisco. Você não será esquecido, e esperamos que seu legado tenha continuidade.