Em um comunicado conjunto, AOEFRIT, ALPEC, SOFRIM, UOIFRA e SUTLCAS, todos filiados à Federação Operária da Indústria da Carne e Afins (FOICA), denunciaram a falta de humanidade da Marfrig, que não interrompeu suas atividades nem emitiu qualquer nota sobre o ocorrido.

Salvador Ponce de León tinha 58 anos e trabalhava há 40 no frigorífico La Caballada, em Salto. Na última quinta-feira (12), faleceu em decorrência de um acidente de trabalho.

“Está claro para nós que a Marfrig prioriza a produção em detrimento da vida dos operários. Acompanharemos de perto este caso e continuaremos exigindo condições de segurança que coloquem a saúde e a vida acima da produtividade”, afirma o comunicado.

Para Martín Cardozo, presidente da FOICA, a atitude da multinacional brasileira é tão surpreendente quanto revoltante.

“Salvador era um companheiro que trabalhava há 40 anos nessa planta e a empresa não apenas não interrompeu suas atividades, como também não emitiu nenhum comunicado se solidarizando com a família. Por essa razão, decidimos pela paralisação na sexta-feira passada, dia 13”, declarou.

A indústria frigorífica é uma das que apresenta as piores condições de trabalho no mundo todo.

Coincidentemente, entre os grupos empresariais que dominam o mercado de carnes estão três empresas brasileiras: JBS, Minerva e Marfrig.

Em todas essas companhias, e em todos os países da região onde atuam, são conhecidos inúmeros casos de negligência com a saúde e a segurança dos seus trabalhadores e trabalhadoras.

Todas essas empresas também insistem em chamar os operários de “colaboradores”, um claro exemplo de maquiagem retórica que se desfaz quando as exigências do mercado revelam sua verdadeira face.