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Subornos, desmatamento ilegal, exploração de trabalho e trabalho infantil.

O “jeitinho” JBS

Durante uma audiência pública realizada na quinta-feira, 22 de junho, no Comitê de Finanças do Senado dos Estados Unidos sobre as Cadeias de Produção Pecuária e o Desmatamento da Amazônia, a JBS foi denunciada e solicitada a suspensão de todas as empresas vinculadas à transnacional.

Daniel García

04 | 07 | 2023


Foto: Gerardo Iglesias

Várias investigações coletaram evidências de desmatamento ilegal sistemático em Rondônia e em toda a região amazônica, comprovando o alto risco associado à carne bovina e ao couro provenientes do Brasil.

A Agência de Investigação Ambiental dos EUA apresentou um relatório no qual denuncia como a JBS controla matadouros ilegais dentro da Reserva Extrativista Jaci-Paraná, uma unidade de conservação em Rondônia.

O relatório também afirma que quase um terço do gado adquirido pela JBS no estado do Pará provém de estabelecimentos com irregularidades, como mão de obra análoga à escravidão e desmatamento ilegal.

Estima-se que o desmatamento causado pela JBS na Amazônia desde 2008 possa atingir 200.000 hectares em sua cadeia de suprimentos direta e 1,5 milhão de hectares em sua cadeia de suprimentos indireta.

Trabalho infantil

Em fevereiro passado, a Packers Sanitation Services, a empresa responsável pela limpeza dos frigoríficos da JBS nos EUA, foi multada em 1,5 milhão de dólares por utilizar mão de obra infantil migrante.

Segundo a denúncia, foram encontradas pelo menos 100 crianças de 13 a 17 anos trabalhando em turnos noturnos em 13 unidades de processamento de carne em oito estados brasileiros.

Um jovem de 14 anos, que trabalhava das onze da noite às cinco da manhã, cinco ou seis dias por semana, sofreu queimaduras causadas pelos produtos usados para limpar as máquinas utilizadas no corte da carne.

Os reiterados escândalos nos quais a empresa dos irmãos Batista esteve envolvida levaram congressistas americanos a solicitarem ao Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) a instauração de um processo de suspensão contra as empresas ligadas à JBS.

Negligência e falta de respeito

Até agora em 2023, a JBS registrou quatro acidentes de vazamento de gás amônia, um em Marabá (PA), outro em Duque de Caxias (RJ) e dois acidentes na unidade de Dourados (MS), em um intervalo de apenas 3 meses.

De 2014 a 2020, ocorreram 10 acidentes por vazamento de amônia em unidades da transnacional em todo o Brasil, notificados, afetando cerca de 300 trabalhadores.

Em março, os sindicatos dos trabalhadores das unidades da JBS em Forquilhinha (SC) e Sidrolândia (MT) denunciaram que estavam servindo alimentos impróprios para consumo no refeitório.

As confederações operárias representantes dos trabalhadores e as trabalhadoras da JBS, CONTAC e CNTA vêm lutado há anos pela melhoria das condições de higiene, saúde e segurança em suas unidades frigoríficas, e para que a empresa respeite as disposições da NR-36, garantindo padrões mínimos para seus trabalhadores.

No entanto, a transnacional continua tentando dar um jeito para levar vantagem em tudo. Veremos até onde conseguirá chegar, após essa suspensão.


Com informação de:
Packer Sanitation Fined for Illegally Employing More Than 100 Children, Labor Officials Say - The New York Times (nytimes.com)
Desmatamento na Amazônia coloca JBS na mira do Senado nos EUA - Diário do Poder (diariodopoder.com.br)