Nas fazendas pertencentes a esta transnacional —adquirida pelo consórcio brasileiro de sucos Cutrale-Safra em 2014— tudo indica que a política da empresa é extrair o máximo de seus trabalhadores (mulheres e homens), mesmo quando estiverem se recuperando de alguma doença.

Na quarta-feira, 20 de setembro, Javier Espinoza, recentemente operado do joelho, foi obrigado a realizar tarefas de ensacamento de cachos de bananas.

Como era de se esperar, Espinoza caiu da escada. No frio chão da administração, a empresa Chiquita o deixou jogado. Graças aos dirigentes sindicais, ele foi levado de ambulância para uma clínica do sistema de previdência social do país.

Exatamente uma semana após esse penoso episódio, Walter Reinoza, de nacionalidade nicaraguense, 30 anos de idade, sofreu um colapso por sobrecarga física.

Ao meio-dia, Reinoza informou que não se sentia bem. Qual foi a resposta da empresa Chiquita? Exigiu que continuasse trabalhando. Às 15 horas, ele desmaiou. O que a empresa Chiquita fez? Levou-o para casa e o abandonou lá.

O escritor costarriquenho Carlos Luis Falla “Calufa” publicou em 1941 o romance Mamita Yunai. El Infierno de las bananeras*, onde denuncia os abusos sofridos pelos trabalhadores nas plantações de banana e a miséria em que vivem.

Passaram-se 82 anos. A situação descrita por “Calufa” pouco ou nada mudou. Os salários não são suficientes, as jornadas são arbitrárias, a precariedade no trabalho tornou-se permanente. Representantes sindicais também não têm permissão para entrar nas plantações, e a dignidade do trabalhador é desrespeitada.

O inferno continua a arder de forma escaldante.

Nota do tradutor: Mamita Yunai. O inferno das plantações de banana