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Com José Modelski Júnior
Contac e CNTA se reúnem com o Ministério do Trabalho pela manutenção dos empregos na JBS

O Estado não pode continuar omisso

Em 31 de outubro, a Confederação Democrática Brasileira dos Trabalhadores da Alimentação (Contac) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Alimentação e Afins (CNTA Afins) se reuniram com o Ministério do Trabalho para solicitar uma intervenção imediata em defesa dos trabalhadores/as da JBS no país.

 

“A reunião foi uma iniciativa da CNTA, por nós acompanhada, e uma das muitas medidas levadas adiante para tentar frear o fechamento das unidades do Brasil da maior produtora de proteínas do mundo”, disse para A Rel, José Modelski Júnior, secretário geral da Contac.  

O dirigente trouxe à tona a série de audiências públicas realizadas nos diferentes estados brasileiros onde a JBS opera, solicitando dos governantes a garantia dos empregos nas unidades da transnacional.

“A reunião foi um passo a mais e muito importante, porque o Ministério do Trabalho servirá de elo entre nós e a Procuradoria Geral da República, órgão que assinou o acordo de leniência com a JBS, constando de várias cláusulas, mas nenhuma fazendo referência à garantia dos postos de trabalho”, explicou Modelski.

Conforme o dirigente, esse acordo pressupõe o pagamento de altas somas aos cofres públicos, porém não prevê a destinação de nenhum real para a conservação e manutenção da produção da empresa, nem mesmo para garantir os empregos no setor.

“Outro aspecto preocupante é que começaram a surgir ações do Ministério Público no sentido de serem bloqueadas as contas da JBS. Com isso, a empresa teve que fechar 7 frigoríficos no Mato Grosso do Sul, porque não tinha ativos para operar nesse estado”, destacou.

Para Modelski é importante entender que os sindicatos não estão defendendo a empresa nem os seus executivos, mas sim os trabalhadores, e para isso solicita que as multas sejam pagas com fundos diferentes dos utilizados na operação comercial da JBS.

Vergonha política
A JBS e suas denúncias contra Temer

“O bloqueio dos ativos da empresa tem um cerne político porque as denúncias realizadas pelos proprietários da empresa afetaram nada mais nada menos que o atual presidente Temer e vários de seus legisladores”, declarou.

Modelski lembrou que tanto a Contac quanto a CNTA foram férreas críticas das políticas dos governos anteriores, por terem oferecido créditos ilimitados para a transnacional JBS, sem exigir nenhuma contrapartida social.

“Se ambas as confederações tivessem sido escutadas naquele momento e o BNDES tivesse exigido do grupo JBS alguma cláusula de ordem social, hoje em dia teríamos onde nos apoiarmos para podermos remediar esta situação”.

O custo social destas omissões se vê refletido na situação vivida em Morro Grande, Santa Catarina, onde a empresa fechou um frigorífico avícola, desempregando mais de 700 trabalhadores e se negando a vender a unidade para uma empresa chinesa, interessada em reativar a produção nesse município.

A JBS sempre propiciou o monopólio de sua produção, comprando pequenos frigoríficos para fechá-los em seguida, reservando para si toda a cadeia produtiva, da fazenda aos frigoríficos”, alertou.

“Quando uma empresa num município tão pequeno é fechada – continuou – o impacto é letal, porque para cada emprego direto há seis indiretos, contando os produtores, transportadores e vendedores da matéria-prima para os animais. Em Morro Grande, o frigorífico da JBS gerava 60 por cento dos ativos da cidade que, sem ele, está morta”, lamenta.

O dirigente avalia que, se o Ministério do Trabalho cumprir com mediação da reunião com a Procuradoria Geral e a esta se unirem os representantes do BNDES e da Caixa Econômica Federal, será um avanço fundamental para que exijamos de todos nós a responsabilidade social que a JBS não tem.

“Queremos que os envolvidos exijam desta empresa a contrapartida social de todo o crédito que receberam para financiar as suas operações tanto no Brasil como no exterior. A JBS não pode se negar a vender suas unidades como é o caso da de Morro Grande. Esta negativa é um fato contra o qual o governo pode atuar”, finalizou.