“A reunião foi uma iniciativa da CNTA, por nós acompanhada, e uma das muitas medidas levadas adiante para tentar frear o fechamento das unidades do Brasil da maior produtora de proteínas do mundo”, disse para A Rel, José Modelski Júnior, secretário geral da Contac.
O dirigente trouxe à tona a série de audiências públicas realizadas nos diferentes estados brasileiros onde a JBS opera, solicitando dos governantes a garantia dos empregos nas unidades da transnacional.
“A reunião foi um passo a mais e muito importante, porque o Ministério do Trabalho servirá de elo entre nós e a Procuradoria Geral da República, órgão que assinou o acordo de leniência com a JBS, constando de várias cláusulas, mas nenhuma fazendo referência à garantia dos postos de trabalho”, explicou Modelski.
Conforme o dirigente, esse acordo pressupõe o pagamento de altas somas aos cofres públicos, porém não prevê a destinação de nenhum real para a conservação e manutenção da produção da empresa, nem mesmo para garantir os empregos no setor.
“Outro aspecto preocupante é que começaram a surgir ações do Ministério Público no sentido de serem bloqueadas as contas da JBS. Com isso, a empresa teve que fechar 7 frigoríficos no Mato Grosso do Sul, porque não tinha ativos para operar nesse estado”, destacou.
Para Modelski é importante entender que os sindicatos não estão defendendo a empresa nem os seus executivos, mas sim os trabalhadores, e para isso solicita que as multas sejam pagas com fundos diferentes dos utilizados na operação comercial da JBS.
“O bloqueio dos ativos da empresa tem um cerne político porque as denúncias realizadas pelos proprietários da empresa afetaram nada mais nada menos que o atual presidente Temer e vários de seus legisladores”, declarou.
Modelski lembrou que tanto a Contac quanto a CNTA foram férreas críticas das políticas dos governos anteriores, por terem oferecido créditos ilimitados para a transnacional JBS, sem exigir nenhuma contrapartida social.
“Se ambas as confederações tivessem sido escutadas naquele momento e o BNDES tivesse exigido do grupo JBS alguma cláusula de ordem social, hoje em dia teríamos onde nos apoiarmos para podermos remediar esta situação”.
O custo social destas omissões se vê refletido na situação vivida em Morro Grande, Santa Catarina, onde a empresa fechou um frigorífico avícola, desempregando mais de 700 trabalhadores e se negando a vender a unidade para uma empresa chinesa, interessada em reativar a produção nesse município.
“A JBS sempre propiciou o monopólio de sua produção, comprando pequenos frigoríficos para fechá-los em seguida, reservando para si toda a cadeia produtiva, da fazenda aos frigoríficos”, alertou.
“Quando uma empresa num município tão pequeno é fechada – continuou – o impacto é letal, porque para cada emprego direto há seis indiretos, contando os produtores, transportadores e vendedores da matéria-prima para os animais. Em Morro Grande, o frigorífico da JBS gerava 60 por cento dos ativos da cidade que, sem ele, está morta”, lamenta.
O dirigente avalia que, se o Ministério do Trabalho cumprir com mediação da reunião com a Procuradoria Geral e a esta se unirem os representantes do BNDES e da Caixa Econômica Federal, será um avanço fundamental para que exijamos de todos nós a responsabilidade social que a JBS não tem.
“Queremos que os envolvidos exijam desta empresa a contrapartida social de todo o crédito que receberam para financiar as suas operações tanto no Brasil como no exterior. A JBS não pode se negar a vender suas unidades como é o caso da de Morro Grande. Esta negativa é um fato contra o qual o governo pode atuar”, finalizou.