-Como você analisa o resultado das recentes eleições?
-Desastrosa. Até agora o movimento sindical e social não consegue acreditar no que aconteceu.
O que é que um eleitorado que vota num candidato que não oferece nenhum tipo de proposta para a crise instaurada no país espera? Um candidato que a única coisa que sabe fazer é repetir um discurso de ódio onde defende a violência, principalmente contra mulheres, negros, índios e a comunidade LGBT?
Um candidato que nem sequer vai aos debates, e que só concede entrevistas para determinados meios e com um roteiro muito bem organizado pela sua equipe de comunicação?
Um candidato que durante 20 anos como legislador não fez nada de produtivo para o país?
Sinceramente, eu não sei o que o ser humano que vota nesse indivíduo pensa.
-Há chances de se reverter isso no segundo turno?
-É bastante difícil, porque é o candidato do PT, Fernando Haddad, quem foi para o segundo turno com Bolsonaro. E, neste momento, existe um medo por parte dos setores empresariais, da agroindústria e dos meios de comunicação, da vitória do PT.
Os poderosos do Brasil temem que haja represálias e vão fazer de tudo para que o Haddad não chegue ao governo.
-O que você acha que acontecerá se Bolsonaro ganhar?
-Vai ser pior do que já está. A tendência é que o enorme retrocesso em termos de direitos sociais e humanos, já existente no país, se agrave.
A composição do Congresso Nacional está ainda mais conservadora e elitista. O cenário para os ativistas sociais e sindicais é assustador e desolador.
Talvez os brasileiros e as brasileiras tenhamos que passar por isso para valorizar o que conquistamos e para que de uma vez por todas, despertarmos.