SOCIEDADE

Uma vida arruinada, um futuro incerto, certamente precário

O calvário de cinquenta trabalhadores e trabalhadoras

Produtos Lácteos S.A. (Prolacsa), empresa subsidiária da Nestlé na Nicarágua, tem sua planta produtora na cidade de Matagalpa, no norte do país. Em mais de uma ocasião, o sindicato alertou sobre a grave situação de dezenas de trabalhadores e trabalhadoras que sofrem de doenças do trabalho musculoesqueléticas.
Oficina sobre Segurança e Saúde no Trabalho, realizada nos dias 29 e 30 de junho em Manágua, conduzida pelo Dr. Roberto Ruiz, especialista em Medicina do Trabalho e assessor da Rel-UITA, foi a ocasião para se voltar a falar das condições destas pessoas.

“A situação continua sendo muito difícil. Ainda há umas cinquenta pessoas que sofrem de diferentes doenças do trabalho, e a nossa preocupação é que se encontre a forma de combatê-las”, disse para A RelFausto Peña, secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores de Produtos Lácteos S.A. (Sinprolac).

Há uns anos, aproximadamente 65 trabalhadores e trabalhadoras passaram a sofrer lesões musculoesqueléticas

Devido à sua idade avançada e à dor relacionada com suas doenças, cerca de 15 pessoas abandonaram os seus postos de trabalho e algumas delas puderam receber uma pensão mínima.

O trabalho os adoeceu
E agora querem descartá-los
“A Nestlé tratou estas pessoas como se fossem uma carga, por estarem com restrições médicas. O objetivo da empresa foi descartá-las, mas até agora não conseguiram pela força da nossa luta”, comentou Peña.

Entre as principais doenças que afetam os trabalhadores/as da Nestlé, o Sinprolac destaca a lombalgia, a hérnia de disco, o túnel do carpo, a artrose e a tenossinovite de Quervain.

A origem destas doenças e lesões está claramente no trabalho. Os ritmos de trabalho e o esforço repetitivo geraram esta situação”, disse Osman Salgado, secretário de Assuntos Trabalhistas do Sinprolac.

Ambos os diretores sindicais reconhecem que, nos últimos anos, a empresa investiu recursos econômicos para melhorar as condições de trabalho na planta produtora.

Entretanto, ainda há dezenas de trabalhadores/as que adoeceram na empresa e que merecem respeito.

Peña e Salgado lamentam que tanto a Prolacsa (Nestlé) quanto as autoridades do Seguro Social (INSS) resistam a reconhecer que estas doenças têm origem no trabalho.

Aliás, a mudança de modalidade de assistência de saúde oferecida ao pessoal da empresa, e imposta pelo INSS por meio de empresas médicas de previdência, afetou ainda mais as condições de saúde das pessoas doentes.

“Os trabalhadores foram para a nova clínica a fim de validarem as restrições médicas, porém o histórico de vários deles não foi aceito. 

Tiveram que começar de novo todo o procedimento para a avaliação de sua situação, já que as restrições foram revogadas momentaneamente”, alertou Salgado.

Os dirigentes sindicais alertaram as autoridades do Trabalho e da Previdência Social sobre possíveis manobras da empresa para se livrar dos trabalhadores portadores destas doenças..

“A empresa negou tudo, porém entre as e os trabalhadores há muita incerteza e preocupação”, advertiu Peña.

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