“A situação continua sendo muito difícil. Ainda há umas cinquenta pessoas que sofrem de diferentes doenças do trabalho, e a nossa preocupação é que se encontre a forma de combatê-las”, disse para A Rel, Fausto Peña, secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores de Produtos Lácteos S.A. (Sinprolac).
Há uns anos, aproximadamente 65 trabalhadores e trabalhadoras passaram a sofrer lesões musculoesqueléticas.
Devido à sua idade avançada e à dor relacionada com suas doenças, cerca de 15 pessoas abandonaram os seus postos de trabalho e algumas delas puderam receber uma pensão mínima.
Entre as principais doenças que afetam os trabalhadores/as da Nestlé, o Sinprolac destaca a lombalgia, a hérnia de disco, o túnel do carpo, a artrose e a tenossinovite de Quervain.
“A origem destas doenças e lesões está claramente no trabalho. Os ritmos de trabalho e o esforço repetitivo geraram esta situação”, disse Osman Salgado, secretário de Assuntos Trabalhistas do Sinprolac.
Ambos os diretores sindicais reconhecem que, nos últimos anos, a empresa investiu recursos econômicos para melhorar as condições de trabalho na planta produtora.
Entretanto, ainda há dezenas de trabalhadores/as que adoeceram na empresa e que merecem respeito.
Peña e Salgado lamentam que tanto a Prolacsa (Nestlé) quanto as autoridades do Seguro Social (INSS) resistam a reconhecer que estas doenças têm origem no trabalho.
Aliás, a mudança de modalidade de assistência de saúde oferecida ao pessoal da empresa, e imposta pelo INSS por meio de empresas médicas de previdência, afetou ainda mais as condições de saúde das pessoas doentes.
“Os trabalhadores foram para a nova clínica a fim de validarem as restrições médicas, porém o histórico de vários deles não foi aceito.
Tiveram que começar de novo todo o procedimento para a avaliação de sua situação, já que as restrições foram revogadas momentaneamente”, alertou Salgado.
Os dirigentes sindicais alertaram as autoridades do Trabalho e da Previdência Social sobre possíveis manobras da empresa para se livrar dos trabalhadores portadores destas doenças..
“A empresa negou tudo, porém entre as e os trabalhadores há muita incerteza e preocupação”, advertiu Peña.