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Com Célio Elias
Vários positivos de COVID-19 na JBS

“Nós avisamos e aconteceu”

O ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação de Criciúma e Região (SINTIACR) e atual assessor da organização confirmou para A Rel que há vários casos positivos de COVID-19 na indústria frigorífica. “Há dois casos na transnacional JBS em Itapumirim que moram em Concórdia, no oeste do estado de Santa Catarina, além deles há muitos outros no Rio Grande do Sul e no Paraná, os três estados que centralizam a produção de carne do país", disse.
Célio Elias | Foto: Lucia Iglesias

Célio explicou que os trabalhadores da JBS que testaram positivo para coronavírus trabalham em um frigorífico avícola no município de Itapumirim, mas moram em Concórdia, o que preocupa o sindicato local sobre um possível contágio generalizado.

«Além disso, já existem casos na unidade da JBS de Passo Fundo, também na GT Frangos em Paranabaí, nos frigoríficos Minuano de Lageado e continuarão surgindo porque, como alertamos, não houve medidas suficientes das empresas para proteger a saúde de seus trabalhadores e da comunidade em geral«, ressaltou.

Segundo o dirigente, a aglomeração nos frigoríficos e as condições ambientais facilitam o contágio, mesmo que haja protocolos de higiene em todos os lugares.

«O que sempre dissemos foi que a limpeza não era suficiente, nem fornecer máscaras, ou oferecer mais sabão ou álcool em gel para lavarem as mãos, se antes não fosse resolvida a questão do número de pessoas nas linhas de produção, era necessário diminuir o ritmo do abate e rotar o pessoal para evitar aglomeração«, ressaltou.

Célio apela aos grandes grupos empresariais do setor para que revejam as medidas sanitárias diante da confirmação de vários casos de coronavírus e comecem a pensar de forma mais humana.

Rotar pessoal e diminuir o abate

«O SINTIACR propôs uma rotatividade de pessoal, que envolve a redução de 40% do pessoal por dia trabalhado para dar um pouco mais de garantias aos trabalhadores e às trabalhadoras, que continuam nas linhas de produção», diz.

«Infelizmente, muitos frigoríficos não estão percebendo que isso terá um efeito dominó», continuou Célio.

E citou o exemplo da indústria frigorífica dos Estados Unidos.

«Lá eles fecharam as fábricas devido ao contágio maciço e temo que seja isso o que acontecerá no Brasil se não reduzirmos já o número de animais abatidos por minuto e, com isso, o número de trabalhadores e trabalhadoras nas linhas de produção«, concluiu.