Honduras| DH | Editorial
Nem perdão, nem esquecimento
Na semana passada, a Rel UITA acompanhou o Comitê de Familiares de Detidos e Desaparecidos em Honduras (Cofadeh) em seu processo perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos contra o Estado hondurenho pelo caso de Herminio Deras.
Gerardo Iglesias
19 | 05 | 2022
Lembremos que Hermínio era um educador, assessor sindical e dirigente comunista hondurenho assassinado em 1983 pelo Batalhão 3-16, uma unidade do Exército que funcionava como esquadrão da morte. Embora seus assassinos (ou alguns deles) tenham sido identificados, seu assassinato permanece impune.
Um militar, Marco Tulio Regalado Hernández, foi detido pelo crime em 1999 e condenado a 12 anos de prisão, entretanto só ficou 4 anos na cadeia. Nenhum outro comandante militar foi acusado.
E mais: a família de Hermínio também foi vítima de terrorismo de Estado, sofrendo perseguições, prisões, torturas e exílio.
Em 2002, familiares de Herminio apresentaram uma petição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Quase 18 anos depois, a Comissão levou o caso à Corte IDH, que tratou do assunto nos dias 10 e 11 de maio.
A Rel UITA esteve presente para apoiar a iniciativa, entendendo que está diante de um caso chave para atacar de uma vez por todas “a cadeia de poder de fato que controla e administra o sistema de justiça em Honduras, que nunca permitiu que as vítimas fossem escutadas, nem que os responsáveis fossem investigados e punidos”, disse Bertha Oliva, presidenta da Cofadeh, organização com a qual assinamos um acordo de colaboração em 2018.
Como Hermínio, houve muitos: pelo menos 184 dirigentes populares desapareceram e outras centenas foram assassinados na década de 1980 pelas Forças Armadas e grupos paramilitares.
Durante décadas, o Estado de Honduras negou sua responsabilidade por esses crimes de lesa humanidade.
Já é hora de que este país assuma sua responsabilidade, e temos a oportunidade de conseguir que assim seja.