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Mostra Memórias do Golpe

Os seis documentários sobre o golpe civil-militar de 1964 que serão exibidos de 17 a 23 de outubro, no Cinebancários, em Porto Alegre, irão proporcionar compreensão sobre a ditadura que se instalou no Brasil para torturar, matar e perseguir adversários políticos.

MJDH

7 | 10 | 2024


Imagem: Divulgação

“Esse conhecimento é essencial para identificar o perigo da tutela militar que ainda persiste no Brasil”, ressalta Jair Krischke, presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), que promove a mostra Memórias do Golpe junto com a Associação de Ex-presos e Perseguidos Políticos/RS e a parceria do CineBancários.

Krischke sustenta que especialmente os jovens precisam saber o que foi o terror de estado que há 60 anos se implantava no Brasil. Aponta que é uma grave falha da geração de “cabelos grisalhos” não ter conseguido passar aos jovens a realidade que assombrou o país.

O presidente do MJDH alerta que, no mundo, o fascismo volta a se manifestar quando “o Brasil ainda deve devolver às famílias os corpos dos desaparecidos pelos militares, e precisa responsabilizar por cumplicidade as empresas que financiaram e participaram de torturas e perseguições. Inclusive empresa gaúcha”.

Em seis documentários dos diretores Sílvio Tendler, Pedro Isaias Lucas Ferreira, Paulo Henrique Fontenelle e Camilo Tavares, a Mostra Memórias do Golpe traz a visão dos perseguidos e dos que combateram a ditadura.

No dia, 23/10, dia da exibição do documentário “O dia que durou 21 anos”, o MJDH fará uma homenagem ao pai do cineasta Camilo Tavares, o jornalista Flávio Tavares.

Graduado em Direito, Tavares exerceu profissionalmente o Jornalismo. Atuou na editoria de Política do jornal Última Hora, em Porto Alegre. Como correspondente trabalhou para o diário mexicano Excelsior e o jornal O Estado de S. Paulo.

Durante a ditadura, foi preso em 1964, depois em 1967, quando foi libertado por um habeas corpus aprovado no Supremo Tribunal Federal.

Ingressou na resistência armada, e foi preso novamente em 1969, sofreu torturas e fez parte do grupo de 15 presos políticos trocados pelo embaixador dos Estados Unidos, Charles Elbrick, que havia sido sequestrado.

Em 1977, Flávio foi sequestrado por militares uruguaios quando estava em Montevidéu para contratar um advogado para outro colega jornalista do

Excelsior. Permaneceu preso por 195 dias, sendo vítima de torturas físicas e psicológicas.

Foi libertado depois que uma campanha internacional pressionou o governo brasileiro, que acabou pedindo a sua libertação às autoridades uruguaias. Ainda assim, ele não podia voltar ao país porque havia sido banido em 1969.

Em janeiro de 1978, foi expulso do Uruguai e recebeu asilo em Portugal. Retornou ao Brasil em 1979, com a anistia política. Flávio foi um dos fundadores da Universidade Federal de Brasília (UnB) e autor de livros como Memórias do esquecimento (1999) e O dia em que Getúlio matou Allende (2004).


Imagem: Divulgação