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Com Artur Bueno de Camargo
Jair Bolsonaro e suas ameaças constantes à democracia
É uma preocupação, para o movimento trabalhista, uma possível escalada de violência por parte do governo frente às eleições de outubro. O experiente dirigente sindical Artur Bueno de Camargo, presidente da Confederação Nacional de Trabalhadores da Alimentação e Afins (CNTA), analisou a conjuntura social e política do seu país ante a latente ameaça de um surto de violência no caso em que Jair Bolsonaro não se reeleja.
Amalia Antúnez
13 | 06 | 2022
Cartaz na cidade de São Paulo | Foto: Gerardo Iglesias
“Infelizmente, as ameaças ao Estado de direito e, por conseguinte, à democracia, por parte do governo, se tornaram recorrentes, mas nem por isso deixam de ser muito preocupantes”, disse Artur.
Segundo o dirigente, o presidente afirmou, em sua ameaça mais recente, num discurso no oeste do Paraná, que “uma nova classe de ladrões” está tratando de “roubar a liberdade” do país e que, por isso, seus eleitores teriam que tomar medidas extremas.
“Bolsonaro está incitando seus seguidores à violência ao dizer publicamente que, se necessário, irão à guerra”, ressalta.
Além disso, Artur assinala que o governo soube colocar, tanto no Executivo, como em outros cargos públicos, muitos militares que lhe dão respaldo.
A isso se deve somar um reiterado discurso que coloca em cheque a legitimidade do processo eleitoral, o mesmo que o colocou no poder nas eleições de 2018.
“O positivo neste cenário é que, das centrais de trabalhadores, vão surgindo vozes de denúncia perante um eventual ataque às instituições por parte de Jair Bolsonaro”.
Na última terça, 7, Antonio Neto, em representação aos trabalhadores na Conferência Internacional do Trabalho da OIT, denunciou que o presidente fomenta a desconfiança no sistema eleitoral, bem como o conflito entre os poderes, e incita seus seguidores a perseguir a imprensa, a oposição e o poder judicial.
“A direção da CNTA decidiu começar a articular ações e estar alerta na defesa da democracia; do sistema eleitoral e do respeito estrito às instituições”, destacou Artur.
Para o presidente da confederação, também existe um setor do empresariado que apoia o discurso do governo porque foi favorecido com o corte dos direitos trabalhistas e o incentivo aos grandes capitais.
“Como representantes dos trabalhadores e trabalhadoras, nos preocupa que uma parte dos empresários apoie um discurso antidemocrático que atenta contra os direitos mais básicos. É muito perigoso”, disse.
“O movimento trabalhista, como outros setores da sociedade, deve realizar ações para fortalecer a democracia, esse é nosso dever.”