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Coluna de Héctor Morcillo
Há 46 anos do golpe de Estado
No 46º aniversário do golpe de Estado na Argentina, Héctor Morcillo, secretário-geral da Federação dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação (FTIA) e do Sindicato das Indústrias da Alimentação de Córdoba, lembra que aquela ditadura genocida teve forte apoio empresarial. A Rel então reproduz a coluna do nosso companheiro.
Héctor Morcillo
29 | 03 | 2022
Foto: La otra voz
No dia 24 de março participamos da marcha pela memória, verdade e justiça, por ser uma forma de recordarmos o golpe de Estado que instaurou uma ditadura genocida em nosso paÃs.
Um golpe cÃvico-militar que impôs um modelo polÃtico e econômico absolutamente liberal, destruindo a economia do paÃs, mergulhando a maioria da população na pobreza e deixando o paÃs completamente endividado.
Para isso foi necessário desarticular as organizações sociais, especialmente os sindicatos onde milhares de trabalhadores e trabalhadoras foram perseguidos, detidos, torturados e desaparecidos.
A marcha desta última quinta-feira (24), após dois anos sem poder acontecer devido a restrições sanitárias, reuniu diversas organizações sociais e sindicais. Cerca de 85.000 pessoas marcharam em Córdoba, exigindo memória, verdade e justiça.
Marchamos para não esquecer o que aconteceu, para lembrar o objetivo da ditadura cÃvico-militar, porque ainda enfrentamos algumas contradições dos setores que apoiaram o golpe naquele momento.
Há poucos dias estava relendo um pedido da Associação Rural, um ano depois do golpe, quando milhares de argentinos e argentinas já haviam sido vÃtimas do terrorismo de Estado, onde a Associação Rural reivindicava e apoiava a ditadura. Ainda hoje, vozes nostálgicas que partem dos mesmos setores podem ser escutadas, defendendo as mesmas polÃticas.
Os negacionistas dos 30.000 desaparecidos afirmam que o que houve não foi uma ditadura, mas sim uma guerrilha.
O que houve foi terrorismo de Estado, com uma repressão forte e infame, que fez desaparecer milhares de pessoas. Ainda estamos à procura de nossos netos, amigos, familiares.
É por isso que nossa organização, junto com o movimento operário de Córdoba, assim como a FTIA fez em outras localidades, saiu às ruas reivindicando a memória desses acontecimentos em nossa pior história.
Recordemos que a Federação é uma das autoras do processo que tramita contra o latifundiário de erva-mate Adolfo Navajas Artaza, por crimes de lesa-humanidade contra trabalhadores desaparecidos, em cumplicidade com o governo de fato.
Reafirmamos nossa postura nesta causa que denuncia os civis envolvidos na repressão, neste caso, dos trabalhadores filiados à UATRE e ao nosso sindicato.