Na sexta-feira, 13, um trabalhador do frigorífico da JBS em Caxias do Sul faleceu prensado pela esteira que transporta caixas no túnel de congelamento, segundo informou à La Rel Paulo Madeira, presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do Rio Grande do Sul (FTIA-RS).
Amalia Antúnez
17 | 9 | 2024
Foto: Gerardo Iglesias
“As versões da imprensa dizem que este companheiro morreu ao cair no túnel, mas fomos informados de que o que realmente aconteceu foi que uma das caixas que estavam na esteira que as leva ao túnel de congelamento ficou presa e, quando ele foi destravá-la, a esteira o prensou, causando sua morte”, explicou Paulo.
O último estudo realizado pelo Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho (SmartLab), uma iniciativa do Ministério Público do Trabalho e da OIT, indica que, em apenas um ano, foram registrados no Brasil quase 613.000 acidentes de trabalho, com 2.538 mortes.
A taxa de mortalidade, de quase sete mortes a cada 100.000 empregos, é a maior em uma década.
Vale destacar que o relatório se baseou em dados de 2022, portanto, a proporção pode ser ainda maior.
A indústria de abate de animais ocupa o quinto lugar em incidência de acidentes, mas sabe-se que tanto neste quanto em outros setores de produção existe um alto índice de subnotificações.
O trabalhador da JBS, identificado como Lizandro Alves de Souza, de 39 anos, junta-se à vergonhosa lista de acidentes fatais nos frigoríficos brasileiros.
Em outro caso denunciado pela FTIA-RS, uma trabalhadora de um frigorífico de suínos da Seara (JBS), na localidade de Seberi, no interior do estado, sofreu uma grave lesão em um dos braços ao operar, sem nenhum tipo de Equipamento de Proteção Individual (EPI), uma máquina que remove a pele do suíno.
“Infelizmente, as empresas não investem em capacitação dos operários e tampouco na prevenção de acidentes. A falta de EPI é grave e acaba resultando em situações como essa ocorrida na Seara”, apontou o dirigente.
A FTIA-RS e o sindicato local apresentaram denúncia ao Ministério Público do Trabalho, ao Ministério do Trabalho e Emprego e ao Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST), mas ainda não obtiveram nenhum retorno.