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Violência de gênero

“Faz é tempo que já é hora de os sindicatos assumirem esta luta”

No dia 25 de novembro passado, comemorou-se o Dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher. No Brasil não se conhecem cifras oficiais sobre os casos de feminicídio, um sintoma revelador do desinteresse da sociedade por esta tragédia que, paradoxalmente, não para de crescer.

Dialogamos com Rosecleia Castro, vice-presidenta do Comitê Executivo da Rel-UITA, sobre como o movimento sindical brasileiro enfrenta esta questão que, aliás, agrava-se dia a dia.

“A violência de gênero ainda é um tabu para a maioria dos sindicatos brasileiros”, lamentou a dirigente. Podemos dizer, continuou, que faz é tempo que “já é hora de os sindicatos assumirem esta luta”.

Para Rosecleia, não existem dados oficiais sobre este flagelo porque o Brasil é um país tão violento que fica difícil mapear este tipo de violência, inclusive porque também está presente sorrateiramente em outros tipos de violência.

“Os sindicatos também não oferecem dados. Até porque o assunto nem é discutido. Aliás, é completamente ignorado, como se nem fosse um assunto sindical. A violência de gênero deveria estar nas pautas de negociação coletiva, mas não está”.

Para a dirigente, isto acontece porque há muito preconceito e ignorância.

“Há muito poucas mulheres nas bases, porque os sindicatos não respeitam sequer as cotas de gênero admitidas. Como vamos falar de violência de gênero se são sindicatos representados por um só gênero?”, questiona.

Em 2006, foi homologada no Brasil a lei “Maria da Penha” (11.340) sobre violência doméstica, um instrumento jurídico que segundo Rosecleia é insuficiente para frear um fenômeno ceifador de milhares de vidas.

Rosecleia insiste na importância de haver um compromisso por parte das filiadas à UITA, internacionalmente e regionalmente, para tratarmos desta questão nas confederações, federações e sindicatos, internamente.

“Quando falamos de gênero, é óbvio que também falamos do movimento LGBT, um grupo de trabalhadores e trabalhadoras que precisam de atenção. Entretanto, graças aos esforços de inclusão da Rel-UITA, houve certo avanço sim. Mas, ainda é muito pouco”, afirmou.