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Exposição Silêncio

Afonso Licks - MJDH

15 | 8 | 2025


Imagem: MJDH

Desde 1996, a cada 20 de maio, o povo de Montevidéu sai em marcha pela principal avenida da capital uruguaia. Não importam partidos, não importam governos. O povo, mães e familiares seguem exigindo memoria, verdade e justiça para os 197 desaparecidos forçados pela última ditadura militar no país (1973-1985). Um problema social que se remete ao futuro enquanto a vontade negacionista das Forças Armadas prevalecer.

Neste 2025, a 30ª Marcha reuniu pelo asfalto e calçadas da Avenida 18 de Julho cerca de 70 mil pessoas. Idosos que completaram 100 anos, muitos jovens, crianças de colo, todos em um silêncio imenso, absoluto no trajeto pela noite.

Entre retratos dos desparecidos, faixas dizendo “saibam cumprir”, “eles sabem onde estão”, “nunca mais”, destacava-se uma flor. Uma margarida na qual falta uma pétala. Símbolo que sublima o desaparecido que falta na sua família. É um grito no silêncio.

Esta Exposição mostra as imagens da 30ª Marcha do Silêncio de Montevidéu sob a ótica do jornalista brasileiro Itamar Aguiar. Talvez em busca de inspiração para enfrentar o negacionismo do Brasil que também possui 434 desaparecidos forçados da sua ditadura militar (1964-1988).

As famílias brasileiras continuam ignoradas, como se não existissem. Um outro tipo de silêncio.