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Com Carlos Eduardo Chaves “Cadu”
Negociações no Vale do São Francisco

“Estamos em estado de alerta”

O assessor legal da Confederação Nacional de Assalariados e Assalariadas Rurais (CONTAR) conversou com A Rel sobre a evolução das negociações com os empresários frutícolas do Vale do São Francisco, região que abrange municípios dos estados da Bahia e de Pernambuco, onde são produzidas mangas e uvas, em sua maioria exportadas para países europeus.

De acordo com Cadu, as negociações com o setor de empresários do Vale do São Francisco já duram 14 anos, uma vez que a produção de frutas gera muita mão-de-obra.

“Neste ano, a negociação começou de maneira atípica, porque a patronal tentou retirar pontos e incluir outros na convenção coletiva, valendo-se da reforma trabalhista aprovada no ano passado”, assinalou.

Esta postura provocou um impasse nas negociações porque as trabalhadoras e os trabalhadores organizados não estavam dispostos a aceitar algumas das mudanças estipuladas na reforma, como por exemplo o descanso de 30 minutos para o almoço.

“No setor rural, o tipo das tarefas realizadas requer um esforço físico considerável, exigindo que o intervalo para o almoço e descanso seja de pelo menos uma hora. Quando as empresas propuseram reduzir esse tempo, houve mal-estar, inclusive porque isso implicaria num aumento no risco de acidentes”, explicou Cadu.

De acordo com o assessor da CONTAR, o sindicato manteve uma postura firme de não aceitar a redução dos direitos adquiridos.

“Também fizemos a patronal ver que incluir pontos da reforma trabalhista na convenção coletiva será altamente negativo para a sua imagem, tanto no Brasil como no mundo. Um aumento dos acidentes de trabalho não seria bem visto pelos países importadores, como a Alemanha, por exemplo”.

Os negociadores sindicais lembraram a seus interlocutores que a CONTAR está vinculada a várias organizações com incidência dentro e fora do Brasil.

A Rel-UITA esteve sempre presente em nossos processos de negociação e tem sido um apoio importantíssimo na hora de assinarmos nossas convenções”, destacou.

Houve alguns progressos e foram deixados de fora das negociações alguns pontos como o do trabalho nos domingos e feriados, a pausa para o almoço e várias compensações.

“Ainda estamos em estado de alerta. Apesar de estarmos sempre dispostos ao diálogo, tivemos que suspender as negociações na semana passada.

Entregamos uma contraproposta e pautamos uma nova rodada de negociações para o dia 15 de fevereiro. Estamos com bastante expectativa”, informou o dirigente.