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Com Vanda Pinedo

Escravidão é crime

Militante do Movimento Negro Unificado (MNU), uma organização com 46 anos de trajetória no combate ao racismo no Brasil e 30 em Santa Catarina, Vanda foi a principal oradora de um ato realizado na última sexta-feira, na data que marcou a campanha dos 30 dias de ativismo por #sonialivre.

Jaqueline Leite

11 | 9 | 2024


Foto: Jaqueline Leite

Nesta ocasião, a ativista declarou à La Rel que iniciativas como esta, de reivindicação pela liberdade de Sonia Maria de Jesus, formam parte do combate do MNU ao racismo, ao trabalho escravo e a todas as formas de opressão.

“Este ato é parte do nosso compromisso com todas as pessoas que, como Sonia, sofrem este tipo de abusos, e também é a nossa forma de chegar a ela. Estou certa que em algum momento Sonia vai saber de tudo o que foi feito no Brasil e no mundo para a sua libertação”, disse.

Vanda apontou que este caso é uma vergonha, mas que lamentavelmente não é o único.

“Nosso estado, Santa Catarina, é estruturalmente racista, passamos por inúmeras situações de racismo, na justiça, na educação, na saúde. No caso do sistema judicial, a de Sonia é a segunda denuncia que o MNU traz a público”.

“Para nós o caso de Sonia Maria não é de condições análogas à escravidão, mas sim trabalho escravo puro e simples, porque tudo o que ela vive nos indica isso”.
Logicamente Sonia não é “da família”, como mente quem à explora, os Borba Gayotto.

“Como um pai ou uma mãe deixam uma filha ou filho sem frequentar a escola, sem saúde, sem documentos, sem amigos, sem poder ver os seus sem vigilância?”, questiona Vanda.

Que a indignação se multiplique

“É muito grave que em 2024 estejamos assistindo a um caso como este, e por isso o Movimento Negro Unificado realizou este ato, que será o primeiro de todos que sejam necessários até que se consiga a liberdade de Sonia”.

Com esta denuncia o MNU busca chegar à população local, que desconhece na sua grande maioria o caso de Sonia Maria.

“Esperamos que a sociedade catarinense se indigne com esta situação, que é algo completamente fora do ordinário, porque esta justiça que devolveu Sonia para a casa do seu algoz é a mesma que dá as costas aos negros, aos pobres, aos indígenas, e às pessoas LGBTI”, enfatizou.