41º Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo
Roda de Conversa binacional
Amalia Antúnez
11 | 12 | 2024
Foto: Daniel García | Rel UITA
Os jornalistas uruguaios Samuel Blixen e Nilo Patiño, autores do livro Desaparecidos. Em busca da verdade, vencedor do Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo 2024 na categoria Grande Reportagem, participaram nesta segunda-feira, dia 9, de uma roda de conversa prévia à cerimônia de entrega dos troféus, realizada na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Porto Alegre.
Organizada pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Brasil (MJDH), a roda de conversa foi mediada pela doutora Karina Santos, da Comissão de Direitos Humanos Sobral Pinto da OAB-RS, e por Jair Krischke, presidente do MJDH. O foco do debate foi o processo de investigação que resultou na obra de Blixen e Patiño.
“O livro explica por que existem tantas dificuldades para encontrar os detidos desaparecidos no Uruguai: porque ainda predomina a tutela militar que impede que as Forças Armadas forneçam essas informações”, resumiu Blixen.
Jair, por sua vez, destacou a importância da obra para o Brasil, pois revela diversas intervenções dos militares brasileiros na gênese das ditaduras do Cone Sul, além de evidenciar a insistência dos governos democráticos em esquecer as violações de direitos humanos durante o período ditatorial e perpetuar a impunidade dos perpetradores.
A conversa também ressaltou o papel da sociedade civil organizada, dos movimentos populares e de direitos humanos, e das mães e familiares dos detidos desaparecidos na luta contínua por memória, verdade e justiça.
O público presente teve a oportunidade de fazer perguntas, dialogar com os autores e traçar paralelos com a continuidade das ações militares na América Latina até os dias atuais.
O encontro, que durou mais de duas horas, transcorreu fluentemente, apesar de cada participante ter falado em seu idioma original, num típico espírito riograndense.
No final, Blixen e Patiño autografaram exemplares do livro, avaliado pela professora universitária Jussinara Narvaz como “uma obra fundamental para manter viva a memória, para que as novas gerações conheçam o que aconteceu no passado recente e para que isso nunca mais se repita”.