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Com María Helena Dourado
Mulheres e sindicatos
“É urgente fortalecer as bases sindicais”
A Secretária de Gênero e Geração da Confederação dos Trabalhadores, Assalariados e Assalariadas Rurais (CONTAR), Maria Helene Dourado, conversou com A Rel durante o encontro de mulheres rurais do Nordeste, realizado entre 22 e 24 de maio, em Natal.
Amalia Antúnez
02 | 06 | 2022
María Helena Dourado | Foto: Amalia Antúnez
-Qual é o objetivo principal de abrir espaços de troca de experiências entre trabalhadoras dos estados do Nordeste?
-Buscamos fortalecer as estruturas sindicais nos diferentes estados brasileiros. Fazemos isso por meio de diferentes programas e em parceria com outras organizações, como a Rel UITA e a Oxfam Brasil.
No caso específico do Rio Grande do Norte, buscamos ampliar a participação das assalariadas rurais dentro das organizações sindicais. É por isso que este encontro e esta oficina são tão importantes.
Lembremos que há companheiras de Pernambuco, da Bahia, do Ceará e do Alagoas que vieram compartilhar suas experiências no trabalho sindical.
-Por que vocês decidiram começar com as mulheres?
-Primeiro, porque a preocupação partiu de uma companheira da Federação dos Trabalhadores, Assalariados e Assalariadas Rurais do Rio Grande do Norte e porque aqui se dá uma situação bastante peculiar: não há sindicatos específicos para este setor.
E porque é nas mulheres dirigentes que encontramos as mais fortes preocupações e disposição para lutar por melhores condições de trabalho e salariais para os trabalhadores e as trabalhadoras do campo.
-Ainda há muitas organizações sindicais ecléticas aqui?
-Existem muitos sindicatos ecléticos. É como chamamos aquelas organizações genéricas que reúnem trabalhadores assalariados e também agricultores e agricultoras familiares.
Precisamos de um sindicato formado apenas por assalariados e assalariadas rurais para dar uma orientação orgânica e específica ao trabalho sindical.
Há alguns meses, a CONTAR criou a Comissão Nacional de Mulheres Assalariadas Rurais com o objetivo de ampliar os espaços de participação das companheiras, mas aqui no Rio Grande do Norte temos que começar do zero, daí a importância de se realizar esta atividade em Natal.
-Como você avalia o encontro e qual sua opinião sobre as questões nele levantadas?
-Essas instâncias são sempre positivas, porque as companheiras que participam aprendem com aquelas que estão neste caminho há mais tempo.
Por outro lado, ficamos preocupados com o fato de que, dos vários relatos escutados, surjam certos temas comuns, como a dificuldade de serem tidas em conta pelos seus próprios pares sindicalistas homens.
A luta não é fácil, ainda existe muito machismo no mundo. Aliás, aqui no Nordeste ele já faz parte do DNA desta região, e não necessariamente só no DNA dos homens, mas também no de algumas mulheres.
Mas vamos em frente. Tenho absoluta confiança nisso.