A. Latina | Myanmar | DH | REPRESSÃO

Campanha da UITA em apoio ao povo de Mianmar

É hora de dar um basta

Organizações de direitos humanos preveem que, desde o último golpe de Estado, a repressão das forças militares causou 2.000 mortes e 15.000 detidos. A ditadura birmanesa aplica táticas repressivas bem conhecidas na América Latina.

Gerardo Iglesias

21 | 09 | 2022

Os militares de Mianmar tiveram uma influência muito forte nos governos militares e civis por décadas. O país registrou três golpes desde sua independência do Reino Unido em 1948.

O primeiro golpe militar ocorreu em 1962, já o segundo golpe em 1988, estabelecendo, com isso, uma ditadura militar de partido único que duraria meio século.

Após uma década de democracia incipiente, em 1º de fevereiro de 2021, ocorreu um terceiro golpe de estado. Os militares justificaram a ação como o meio “necessário para estabelecer o caminho para uma democracia genuína e multipartidária”, argumentos semelhantes que ouvimos tantas vezes da boca dos militares golpistas da América Latina.

Somam-se ao número de assassinados e detidos as mais de 320 mil pessoas que precisaram se deslocar internamente devido à violência, além dos 340 mil que já tiveram que ser obrigados a se deslocar no país devido a conflitos anteriores, segundo o órgão de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU.

A violência das forças repressivas não tem limites, utilizando-se em vários lugares de táticas militares de "terra arrasada ou terra queimada", como as usadas no assassinato de civis pelo exército na Guatemala nos anos 80 e 90.

Os ataques contra a população civil entre setembro e dezembro do ano passado superaram os números “registrados na Síria e no Afeganistão juntos. No caso birmanês, 2.500 foram contabilizados; Síria e Afeganistão acumulam 2.324 no mesmo período” (El País de Madrid, 01/02/2022).

Assim como no golpe de Estado em Honduras em 2009, os militares de Mianmar foram pegos de surpresa por um elemento que não estava em seu radar: a resistência popular.

Da América Latina nos unimos de forma militante e fervorosa à campanha da UITA pelo fim da ditadura militar birmanesa, pela restauração da democracia e pelo respeito irrestrito aos direitos humanos.

Considerar que Myanmar é muito distante, e que o que acontece lá nos é alheio, é um erro grosseiro, porque a violação dos direitos não distingue geografias.

Talvez amanhã os militares daqui reproduzam a mesma carnificina social. Ou, melhor dizendo: tentem fazer isso de novo.

O fascismo deve ser derrotado em todas as suas formas, em todos os momentos e em todos os lugares.