Do total de casos confirmados de Covid-19 no Rio Grande do Sul, 30% são de trabalhadores do setor frigorífico. Ao todo, foram contaminados até o momento 2.399 empregados de 24 unidades frigoríficas localizadas em 18 municípios do estado.
Os dados foram apresentados na tarde de sexta-feira (29) pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em live promovida pelo senador Paulo Paim (PT-RS), em parceria com a Confederação Brasileira Democrática dos Trabalhadores da Alimentação da CUT (Contac-CUT) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA).
Procuradora do MPT no município de Passo Fundo, Priscila Dibi Schvarcz apresentou dados que apontam que, para cada 100 mil habitantes, os 28 primeiros municípios do estado com maior número de incidência da Covid-19 são sedes de frigoríficos ou cedem trabalhadores a essas empresas.
Ainda segundo a procuradora, entre os principais fatores que auxiliam a propagação do vírus estão a grande quantidade de trabalhadores em um mesmo setor, o transporte dos trabalhadores e a falta ou pouca renovação de ar.
A representante do MPT afirmou ainda que a instituição já realizou testagem em massa de trabalhadores com o objetivo de mapear o setor e reduzir a subnotificação.
Como sugestões, a procuradora reforçou a necessidade de as empresas implementarem rotinas de testagem periódica, de rastreamento e de triagem dos trabalhadores sintomáticos para que o número de casos de Covid-19 seja reduzido.
Além disso, enfatizou a importância de incluir no sistema de notificação da doença um campo que informe o local de trabalho daqueles que foram contaminados.
“É inadmissível que esse sistema de notificação de casos de Covid-19 não abra espaço para identificação do local de trabalho das pessoas que estão sendo comunicadas por meio desse sistema, porque é um dado epidemiológico muito relevante. Não há como fazer epidemiologia sem saber onde esta pessoa passa a maior parte do seu dia que é no ambiente de trabalho”, defendeu.
Ao falar sobre a garantia de proteção a trabalhadores indígenas de frigoríficos, a procuradora afirmou que é preciso mobilizar o setor para que eles sejam afastados das atividades, sem prejuízo de suas remunerações, tendo em vista que possuem maior vulnerabilidade e fazem parte do grupo de risco.
O debate também contou com a participação do deputado federal Henrique Fontana; do presidente da CNTA, Artur Bueno; do presidente da Contac-CUT, Nelson Morelli; do secretário de Comunicação da Contac-CUT, Siderlei Oliveira; do assessor jurídico da Contac-CUT, Ronaldo Machado; do presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do Rio Grande do Sul (FTIA-RS),Paulo Madeira; do secretário regional para América Latina da União Internacional dos Trabalhadores na Alimentação (Rel UITA), Gerardo Iglesias; e dos médicos Roberto Ruiz e Maria Maeno.
Com informações do Ministério Público do Trabalho.