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Dois anos de omissão, Sônia ainda não está livre!

Há dois anos, o Brasil assistiu chocado ao resgate de Sônia Maria de Jesus, mulher negra, surda e analfabeta, retirada ainda criança de sua família, e mantida por mais de 40 anos em condição análoga à escravidão na casa do desembargador Jorge Luiz de Borba, em Florianópolis (SC).

Campanha Sonia Livre

16 | 7 | 2025


Foto: Portal Catarinas

Sem salário, sem direitos, sem escola, sem liberdade. Um caso que escancarou as entranhas do racismo estrutural, do capacitismo e da naturalização da servidão doméstica no Brasil.

Mas o que deveria ser o começo de sua libertação virou um pesadelo institucional, em agosto de 2023, o Superior Tribunal de Justiça autorizou seu retorno à casa da família exploradora, ignorando pareceres técnicos, laudos psicológicos, denúncias de abusos e o próprio histórico de vulnerabilidade de Sônia.

Foi o primeiro "desresgate" da história do país, um precedente perigoso, que coloca em risco todas as vítimas de trabalho escravo contemporâneo.

Hoje, passados dois anos, Sônia ainda vive sob o mesmo teto que seus algozes. Isolada, sem contato com a família biológica, sem independência real, sem apoio adequado para reabilitação e comunicação. Um silêncio imposto por décadas continua sendo mantido, agora com o aval da Justiça.

Não podemos aceitar que esse caso caia no esquecimento. Não é só sobre Sônia. É sobre todas as Sonias.

Se permitirmos que essa injustiça se mantenha, estaremos dizendo que escravizar, explorar, isolar e manipular pessoas com deficiência e negras pode ser "normal", "familiar", "aceitável".

Por isso, exigimos justiça por Sônia Maria de Jesus e a aprovação do PL Sônia Maria de Jesus, que proíbe o retorno de vítimas de trabalho escravo aos locais de exploração e garante atendimento especializado, com foco nas pessoas com deficiência.