Por meio da presente, as organizações signatarias, repudiamos e denunciamos os covardes ataques do governo Javier Milei contra a Memória, a Verdade e a Justiça na Argentina.

Condenamos a destruição da Secretaria de Direitos Humanos, as demissões desenfreadas e persecutórias, a nova violência estatal contra as vítimas da ditadura, a estremecedora presença de polícias em sítios de memória, além das perigosas iniciativas do governo para conciliar a sociedade argentina com os genocidas condenados por crimes de lesa humanidade.

A preservação dos sítios de memória como o Centro Cultural de la Memoria Haroldo Conti e os espaços Virrey Cevallos, Automotores Orletti, Atlético, Olimpo, entre outros, que hoje são desmantelados pelo governo Javier Milei, é fundamental para o fortalecimento de todas as democracias do mundo.

Os sítios de memória argentinos cumprem uma função pedagógica, são centros de pesquisa e são a prova material da clandestinidade do terrorismo de Estado.

Fruto da luta e coragem das Madres e Abuelas de Plaza de Mayo, 139 bebês roubados na ditadura conheceram suas verdadeiras identidades; e a justiça argentina, também graças à esta luta coletivizada, fez com o que país fosse o primeiro em condenar os seus próprios genocidas: tudo isto é algo para imitar em todo o mundo e nunca apagar, atacar ou censurar como pretende o governo Javier Milei, pois as consequências de instalar a impunidade, a injustiça e a mentira, seguindo a ordem do genocida Jorge Rafael Videla de mantermos em silêncio, são graves para toda a humanidade.

Consideramos importante que toda América Latina condene este avanço do pior que há na sociedade do nosso país irmão, fato caracterizado por um discurso negacionista e políticas feitas à medida dos grandes capitais, uma vez mais, flagelando àquelas pessoas que precisam de um Estado que se comprometa e esteja presente.

Os brasileiros e brasileiras conhecem bem o que isto significa, pois, genocidas são honrados como heróis pela ultradireita. Apenas foi possível investigar os crimes da ditadura brasileira e, recentemente, o país enfrentou uma nova tentativa de Golpe de Estado.

Este ódio miserável, mal chamado de “liberdade”, não é outra coisa mais do que uma nova tentativa de instaurar a crueldade e governos fora da lei como foram as ditaduras latino-americanas.

Pedimos para todos os movimentos sociais, sindicatos, partidos políticos, associações e pessoas que condenem estes fatos, com o propósito de afirmar um compromisso coletivo com a democracia.

DITADURA NUNCA MAIS, 30.000 DESAPARECIDOS E DESAPARECIDAS NA ARGENTINA, PRESENTES AGORA E SEMPRE!

Jair Krischke
Presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH)

Bertha Oliva
Coordenadora do Comitê de Famliares Detidos e Desaparecidos de Honduras (COFADEH)

Federico Tatter
Conselheiro Internacional da Federação Latinoamericana de Associações de Familiares de Detidos - Desaparecidos (FEDEFAM)

Victoria Grabois
Grupo Tortura Nunca Mais, Rio de Janeiro, Brasil.

Gerardo Iglesias
Secretário Regional União Internacional Trabalhadores da Alimentação e Agricultura (Rel UITA)

Porto Alegre, 22 de janeiro de 2025