Sobretaxas inexplicáveis de 50%
Artur Bueno Júnior*
26 | 9 | 2025

Foto: CUT
No último dia 18 de setembro, tive o prazer de representar a NCST – Nova Central Sindical de Trabalhadores, e integrar um grupo de representantes de centrais sindicais do Brasil em missão à sede da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra, na Suíça.
Na oportunidade entregamos nas mãos da diretora-geral da OMC, NgoziOkonjo-Iweala, o documento que foi construído pelas seis maiores centrais sindicais de trabalhadores do Brasil denunciando o ataque do Governo Trump ao país, com sobretaxas inexplicáveis de 50%, acompanhado da chantagem que envolve o pedido de absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O Brasil é um país soberano e democrático, que defende o multilateralismo e a convivência harmoniosa entre as nações. É injustificável o uso político para impor medidas comerciais do governo estado-unidense contra as exportações brasileiras. E para os acordos comerciais internacionais, existem convenções, regras e instâncias mediadoras, como a própria OMC.
O documento é certeiro em apontar que essas medidas e sanções do governo estado-unidense estão sendo impostas a diversos países, pressionando-os a aceitar negociações bilaterais desequilibradas.
E que no caso do Brasil, “a situação é ainda pior pois acontece mediante a declarada tentativa de Trump de intervir na política, no Judiciário, em detrimento dos direitos do povo, do Estado de Direito e da soberania nacional – em afronta direta ao princípio de não intervenção nos assuntos internos, pilar fundamental da Carta da ONU e norma basilar as relações internacionais.”
A reunião –e a entrega do documento– também serviu para contarmos sobre os impactos da supertaxa dos EUA na vida real dos trabalhadores brasileiros para além dos números frios.
A medida já afeta trabalhadores de diversos setores que dependem de seus empregos para subsistência e para sustento de suas famílias –e é neles que temos que pensar! As sobretaxas não encontram razão econômica, mas um fundo de disputa geopolítica na qual o Brasil não pretende entrar.
Estiveram também na reunião com diretora da OMC os companheiros Sergio Nobre, presidente da CUT – Central Única dos Trabalhadores; Miguel Torres, presidente da Força Sindical; e Reinaldin Pereira Barbosa, também representando a NCST – Nova Central Sindical de Trabalhadores. O embaixador brasileiro, Gilberto Patriota, esteve conosco.
Sabiamente, o documento entregue finaliza observando que o movimento sindical condena o uso de tarifas, sanções e outras medidas coercitivas como armas em disputas geopolíticas e comerciais – quando os trabalhadores, elos mais fracos da corrente, são os que mais sofrem. E defende o fortalecimento de uma ordem comercial internacional multipolar, inclusiva e democrática, com pleno respeito às normas internacionais e ao papel da OMC.
Além das centrais sindicais já citados, também assinaram o documento UGT – União Geral dos Trabalhadores, a CTB – Central dos Trabalhadores Brasileiros e a CSB – Central dos Sindicatos Brasileiros.