Com Eduardo Alza
Conflicto en AB InBev
Trabalhadores da Cervejaria e Malteria Paysandú (Cympay), pertencente ao gigante cervejeiro AB InBev, reivindicam compensações não pagas e se mobilizam. Nesta segunda-feira, 1º de setembro, a empresa convocou uma instância de diálogo.
Amalia Antúnez
1 | 9 | 2025

Foto: SOEN
O Sindicato de Operários e Empregados da Norteña (SOEN), filiado à UITA, denunciou a suspensão unilateral de uma compensação econômica que historicamente era paga a operários da área de sementes expostos a resíduos tóxicos.
Após medidas de força e mobilização, iniciadas na noite da última sexta-feira, 29, os trabalhadores foram chamados para o diálogo pela empresa e suspenderam os protestos.
“No final de agosto, a empresa deixou de pagar uma compensação de entre 6.000 e 8.000 pesos uruguaios (aproximadamente 150 a 200 dólares) a 18 trabalhadores da torre de nória e da planta de silos, setores onde são manipuladas sementes com possíveis efeitos residuais de tóxicos”, afirmou Eduardo Alza, presidente do SOEN.
O dirigente destacou que essa compensação é paga há mais de 20 anos pelas condições de trabalho insalubres e criticou a decisão da empresa de suspendê-la alegando que essas tarefas não são mais realizadas.
“A empresa decidiu de forma unilateral não pagar, argumentando que os trabalhadores não voltarão a exercer essas funções. Mas essa compensação corresponde às condições do setor, não à tarefa pontual do momento”, explicou.
O sindicato respondeu com medidas de luta: paralisação das horas extras e bloqueio de carregamento de caminhões. Segundo Alza, essa reação também se deu porque “os trabalhadores colaboraram em junho e julho para mitigar o excesso de estoque de malte e o baixo consumo no Brasil, sem que a empresa chamasse para o diálogo em agosto”.
No sábado, 30, foi realizada uma assembleia geral e, horas depois, a empresa se comprometeu ao pagamento da compensação e à abertura de uma instância de diálogo.
“Hoje às 10h começamos uma negociação para definir o futuro. Em troca, suspendemos todas as medidas e retomamos as atividades normais”, confirmou Alza.
O dirigente também alertou que a empresa anunciou uma situação semelhante para 2026, com possíveis envios ao seguro-desemprego, o que considera inaceitável em pleno processo de negociação coletiva.
“Estamos no segundo mês de negociação nos Conselhos de Salários*, ainda sem acordos em cláusulas-chave. A empresa não pode cortar salários nesse contexto”, ressaltou.
Por fim, Alza destacou o apoio da Rel UITA, da Federação de Operários e Empregados da Bebida (FOEB) e dos trabalhadores do setor.
“Tanto a FOEB quanto a UITA e nossos companheiros do setor estão atentos ao resultado dessas negociações para avaliar ações solidárias com o SOEN”, concluiu.