Repressão feroz à marcha dos aposentados
A repressão brutal à marcha dos aposentados nesta quarta-feira, 12, em Buenos Aires, confirmou a natureza do governo de Javier Milei: tudo para os de cima, cacetete para os de baixo.
Daniel Gatti
13 | 3 | 2025

Foto: Leandro Godoy
A manifestação, realizada em frente ao Congresso, recebeu apoio de três centrais sindicais, movimentos sociais e partidos opositores.
Até as torcidas de futebol se fizeram presentes, deixando de lado suas brigas e disputas habituais para se solidarizar com os mais velhos em seus pedidos de aumento nas aposentadorias e recuperação dos medicamentos gratuitos, eliminados pelo governo atual. Reivindicações criminosas.
A ministra do Interior, Patricia Bullrich, enviou todos os corpos repressivos que pôde convocar (Polícia Federal, Militar, a Naval, Polícia da Cidade e Serviço Penitenciário), que fizeram o que sabem fazer: bater, lançar gás lacrimogêneo e disparar balas de borracha.
As imagens que percorreram o mundo mostram um nível de repressão incomum para uma manifestação desse tipo, que havia começado totalmente pacífica e protagonizada principalmente por pessoas de 70, 75 até 90 anos.
Entre os feridos está um fotógrafo que foi atingido por um cartucho de gás lacrimogêneo na cabeça e foi internado em estado grave em uma unidade de terapia intensiva. Uma aposentada de 87 anos foi ferida com um golpe de cacetete na cabeça e foi levada sangrando e inconsciente para um hospital.
Vídeos e testemunhas mostram policiais gritando para os manifestantes: “Corram, esquerdistas!”
Uma mulher gritou para um policial: “Vão para Bahía Blanca ajudar nas inundações, canalhas”.
Os detidos foram cerca de cem, incluindo um dirigente sindical dos trabalhadores do setor público. Uma juíza os liberou e o governo a atacou. Organizações sociais denunciaram o Estado argentino à Comissão Interamericana de Direitos Humanos e às Nações Unidas.
Nesta quinta-feira, o jornal Página 12 pergunta “o que se pode esperar para os próximos dias”.
A resposta: “Tudo indica que uma fase de mais autoritarismo e maior violência contra quem se opuser ao governo de Milei ou tentar expressar uma reivindicação sem se resignar à manifestação simbólica.
A mensagem do dia é essa: tenham medo. Protestar pode custar mais do que algumas horas de cadeia ou uma perseguição”.