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Com Paulo dos Santos
O conflito entre a transnacional francesa e os sindicatos se prolonga
Assim não, Lactalis!
No Rio Grande do Sul, a transnacional francesa Lactalis se comporta ainda pior do que no resto do Brasil, disse para A Rel Paulo Dos Santos, presidente da Federação dos Trabalhadores da Indústria da Alimentação (FTIA) daquele estado.
Amalia Antúnez
05 | 04 | 2022
Paulo dos Santos | Foto: Gerardo Iglesias
“Aqui esta empresa é pior do que no resto do país porque o gerente da unidade da Lactalis no município de Três de Maio é por sua vez presidente do sindicato patronal do setor lácteo aqui no Rio Grande do Sul, o Sindilat e esse senhor deu ordem para não assinar nenhuma convenção coletiva”, explica Paulo.
Segundo o dirigente, é inadmissível que uma pessoa coloque os interesses da empresa que administra acima dos de todo um setor.
“Estamos dizendo que esse senhor prioriza a Lactalis em detrimento do resto do setor, incluindo também os produtores de leite, e não apenas as empresas”, esclareceu.
O positivo desse longo processo de negociação, onde não se anda para frente nem para trás, é que os sindicatos que representam os trabalhadores e as trabalhadoras da Lactalis estão fortes e unidos em todo o Brasil.
“Embora no Paraná, em Santa Catarina, em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul estejamos estancados com a assinatura dos acordos, em São Paulo pode haver avanços nesta semana. Estamos aguardando novidades”, disse o dirigente.
Paulo denunciou que a Lactalis está obrigando seus funcionários a informar ao sindicato que vão aceitar o reajuste que a empresa propõe, inferior ao INPC, sendo este o principal fator do conflito trabalhista.
"Não podemos concordar com isso, porque não aceitamos um reajuste inferior a 100 por cento da inflação. Se aceitarmos isso, neste ano eles nos oferecem 80 do total e no ano que vem vão nos oferecer só 50 e será cada vez pior", enfatizou.
A empresa “não pode vir a impor suas políticas de precarização salarial acreditando que o Brasil é uma terra sem lei”.
A Lactalis do Brasil impôs um reajuste salarial que incluía apenas 80% da inflação do período e quer condicionar a negociação de lucros e resultados (PLR) à assinatura do acordo salarial, situação amplamente rejeitada pelos sindicatos.
Lactalis do Brasil impuso un reajuste salarial que contempló apenas el 80 por ciento de la inflación del período, y quiere condicionar la negociación de los lucros y resultados (PLR) a la firma del acuerdo salarial, situación ampliamente rechazada por los sindicatos.
A transnacional “está oferecendo um bônus, uma quantia não remunerativa para seduzir os trabalhadores e as trabalhadoras, e condiciona esse dinheiro à assinatura da convenção. Um absurdo”, afirmou o sindicalista.
A Lactalis está precarizando os trabalhadores e os produtores, acrescentou.
“Quando a empresa veio para o Brasil, chegou com o objetivo claro de precarizar as condições salariais. Desde o início, reduziu o valor pago aos produtores de leite. Quando desembarcou, o valor pago era de quase 3 reais (cerca de 65 centavos) por um litro de leite, e agora a empresa paga pouco mais de um real”.