Brasil | SINDICATOS | 8 DE MARÇO

Mensagem de Rosecleia Castro

“As questões de gênero devem se transformar em políticas de gênero”

No Brasil, um dos países com o maior nível de feminicídios da América Latina, o movimento feminista conseguiu colocar na agenda pública a problemática da violência contra as mulheres. Mas, essa maior visibilidade para as questões de gênero deve se traduzir em políticas concretas, para serem logo implementadas, escreve a dirigente sindical paulista Rosecleia Castro, em nota enviada à Rel-UITA.

Como todos os anos, o dia 8 de março será uma data de reflexão. Em todo o mundo e por segundo ano consecutivo, está sengo organizada uma grande paralisação feminina internacional, buscando dar visibilidade para todos os tipos de violência e de discriminação sofridas pelas mulheres, e que atravessam transversalmente toda a sociedade.

No ambiente sindical, em meu país, ainda estamos engatinhando quando o assunto é a participação da mulher nos espaços de decisão. Ainda há muito para se percorrer em termos de equidade salarial e no combate à violência contra as mulheres, um panorama gerador de altos índices de estupros e feminicídios.

Em 2016, foram registrados só no Brasil 135 casos de estupros por dia. No mesmo ano, 4.657 mulheres foram assassinadas, sendo que 533 destes homicídios foram declarados crimes de feminicídio.

Em resumo, morre mais de uma mulher por dia vítima da violência machista.

Por outro lado, o homicídio de mulheres negras aumentou em 54 por cento em 10 anos.

Estas cifras nos demonstram que é fundamental continuar com o trabalho de informação constante, que tem sido feito pela Federação dos Trabalhadores da Alimentação de São Paulo (Fetiasp), pelo meu sindicato, o SITAC (Campinas), e regionalmente pelo Comitê Latino-americano da Mulher da UITA (Clamu).

Devemos continuar empoderando as trabalhadoras e as dirigentes sindicais, dando-lhes a informação e a formação necessárias e constantes sobre seus direitos.

Cabe reconhecer que há cinco anos os movimentos feministas conseguiram colocar na agenda pública, com diversos atos entre os quais destaca-se a Paralisação Internacional de 8 de Março, a questão da violência e da discriminação contra as mulheres.

Entretanto, há que insistir que as questões de gênero se transformem em políticas de gênero, e que as políticas públicas sejam implementadas de maneira efetiva.

Devemos nos organizar e nos unir para exigir dos governos municipais, estaduais e federal a implementação de políticas públicas de prevenção e de combate à violência contra as mulheres, evitando também o perpetuamento da impunidade.