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Cientistas encontram agrotóxicos na água consumida por milhões de pessoas
Água contaminada e câncer no Paraná
A água que abastece 127 cidades brasileiras onde vivem cerca de 5,5 milhões de pessoas está altamente contaminada por agrotóxicos, e essa contaminação estaria na origem de mais de 500 casos de câncer. Estado e produtores de soja lavam as mãos.
Gerardo Iglesias
05 | 07 | 2022
Foto: Gerardo Iglesias
Os dados são de uma pesquisa em parceria entre a Universidade do Oeste do Paraná e a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e foram publicados na revista científica Environment International, de acordo com uma resenha publicada pela Folha de São Paulo.
De acordo com o estudo, é possível “estabelecer” que 542 habitantes das regiões afetadas que foram diagnosticados com câncer entre 2017 e 2019 devem essa doença à “exposição a agrotóxicos”, principalmente a duas substâncias, mancozeb-UT e diuron.
Os cientistas encontraram cerca de 27 agrotóxicos nas amostras de água analisadas, 11 dos quais são "possivelmente, potencialmente ou comprovadamente cancerígenos, como o lindano", disse à Folha de São Paulo a coordenadora do estudo, a bioquímica Carolina Panis.
O nível de contaminação da água nos municípios envolvidos foi de 189,84 partes por bilhão (ppb). Na União Europeia o máximo permitido é de 0,5 ppb.
O Paraná é um dos principais estados produtores de soja do Brasil. Em 2020, produziu 18 milhões de toneladas da oleaginosa, atrás apenas de Mato Grosso, com 28 milhões.
A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) disse não ter detectado a presença de agrotóxicos na água consumida pela população no período investigado. E a Associação Brasileira dos Produtores de Soja não atendeu às ligações dos jornalistas do jornal paulista.