“Ainda estamos em estado de choque. Apesar de no primeiro turno Bolsonaro ter sido o mais votado, eu nunca pensei que uma pessoa que defende ideias fascistas, misóginas e racistas fosse ocupar a presidência do meu país”, lamentou Siderlei.
O experiente dirigente sindical, que viveu no período da ditadura militar no Brasil (1964-1985), disse que não esperava sofrer um retrocesso similar, com a diferença de que desta vez cumpriu-se o rito democrático.
“O Bolsonaro ganhou na base do discurso do ódio, um discurso afirmando que todos os brasileiros de bem poderão portar uma arma e com esse discurso ganhou legitimamente nas urnas. Bolsonaro não enganou ninguém. Ele disse: estou a favor de torturar e de matar, e o povo em sua ignorância votou nele para presidente”, enfatizou.
Siderley também lembrou que o novo presidente do Brasil nomeará o juiz Sérgio Moro como ministro da Justiça.
“Não é muito estranho que logo o juiz que prendeu o ex-presidente Lula da Silva – visto por todas as pesquisas como o vencedor imbatível no segundo turno contra todos os adversários possíveis– agora seja designado ministro da justiça?”
Para o dirigente da Contac, o futuro imediato será de miséria.
“O movimento sindical foi esfacelado pela reforma trabalhista de Michel Temer, ao eliminar a obrigatoriedade da contribuição sindical. Foi uma jogada muito bem orquestrada pela direita e seus séquitos”, disse.
“Tenho 72 anos e estou doente, mal posso caminhar e a vitória do Bolsonaro para mim é como o fim dos tempos. O Brasil dói, e dói imensamente”.