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“A situação na AmBev de Jacareí é insustentável”

A situação na Cervejaria do Vale, AmBev de Jacareí se agrava com a restruturação no processo produtivo, demissões de conta gota, precarização e sobrecarga de trabalho.
Foto: Divulgaçao

Durante o período de pandemia a AmBev realizou movimentos em seu processo produtivo aproveitando do período da baixa produção e também de uma certa paralisia do nosso sindicato devido a luta contra a covid 19.

Em primeiro momento, e fruto de uma pressão do nosso sindicato junto ao MPT conseguimos o afastamento de 117 trabalhadores e trabalhadoras do grupo de riscos com todos os vencimentos garantidos e seus direitos mantidos por quase 18 meses.

Porém, neste período com a justificativa que necessitava cobrir o vácuo dos afastados do grupo de riscos a AmBev contratou terceirizados como auxiliares de serviço e embora o Sindicato não esteve totalmente de acordo com esta medida aceitou na época com a condição que estes trabalhadores e trabalhadoras terceirizados não fosse parte do processo produtivo

A AmBev contratou parte destes terceirizados preenchendo muitas das vagas daqueles que estavam no grupo de riscos e ao mesmo tempo começa com o processo de restruturação na área de produção.

Precarização disfarçada

Como forma de vigiar os trabalhadores instalaram dezenas de câmeras por todo o processo produtivo, em seguida demitiram vários supervisores, reduzindo de três para um o número de trabalhadores nesses postos, junto a isto a empresa deu promoção sem aumento de salário a vários trabalhadores mais antigos para o cargo de líder de linha e operador ao mesmo tempo.

No mesmo período iniciaram o sistema de Polivalência, ofereceram cursos básicos de mecânicos e eletricistas a parte dos operadores e também colocaram os eletricistas, eletrônicos e mecânicos para operar e fazer manutenção nos equipamentos.

Desta forma operadores passaram a realizar tarefas antes realizada por mecânicos e eletricistas, paralelamente se iniciou um processo de demissões a conta gota na fábrica.

Angustia e depressão

De julho a setembro somaram 24 demissões, e do inicio da pandemia até o presente temos um aproximado de 100 demissões.

Com este enxugamento de quadros na produção entraram em mais uma fase da restruturação do processo produtivo gerando um acumulo de trabalho em vários outros setores da fábrica como no laboratório, manutenção, utilidade, meio ambiente e brasagem.

Com os trabalhadores da limpeza também não foi muito diferente, diminuíram o quadro de trabalhadores deste setor o que fez com que aumentassem consideravelmente o trabalho para os que continuaram nas terceiras.

A sobrecarga de tarefas tem gerado problemas depressivos e outras doenças mentais para não falar dos acidentes e doenças do trabalho que se avolumam.