O novo plano do Executivo do presidente Michel Temer inclui a privatização e concessão de 14 aeroportos, a maioria localizada no nordeste e centro-oeste do país, 15 portos, 11 lotes de linhas de transmissão, além de importantes e emblemáticas empresas públicas.
“Contrariamente ao que aconteceu durante o período da ditadura, onde os militares criaram várias empresas públicas, este governo está promovendo um plano de privatizações que inclui – entre outras coisas – a venda da “joia da coroa”, a empresa de energia elétrica, proprietária de 37 usinas hidrelétricas, entre elas Itaipu (em parceria com o Paraguai)**”, disse Krischkepara A Rel.
A Eletrobrás tem dívidas que superam os 30 bilhões de reais (9,5 bilhões de dólares).
“Entre as novas propostas para privatizar, está o aeroporto de Congonhas em São Paulo, outra “joia da coroa”, por ser o segundo maior do país em número de passageiros e a Casa da Moeda, organismo responsável pela impressão de moeda e de papel-moeda, além de passaportes, uma empresa com um enorme peso simbólico para o Brasil”, afirma Krischke.
“Tudo isto é feito para conseguir capital e tapar um déficit de quase 60 bilhões de reais (16 milhões de dólares) dos cofres públicos”.
“E depois, como é que fica? Se eu tivesse sem dinheiro e começasse a vender as coisas da minha casa, o que faria depois se não tenho uma alternativa, se não tenho entrada de capital? Aí mora o perigo destes planos. São pão para hoje e fome para amanhã”.
Jair informa que este plano de privatizações passará pelo Congresso Nacional, o mesmo congresso que aprovou uma nefasta reforma trabalhista e que está estudando a reforma da previdência – que data do governo de Dilma Rousseff – obrigando brasileiros e brasileiras a trabalharem pelo menos até os seus 70 anos, para então poderem finalmente se aposentar.
O presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos de Porto Alegre considera esta última reforma mais perversa ainda que a trabalhista.
Além disso, este Congresso é o mesmo que na semana passada promoveu – durante a reforma política (PEC 77/03) – a criação de um fundo eleitoral para o financiamento das campanhas eleitorais no valor de 3,6 bilhões de reais (1,1 bilhão de dólares) e que o forte clamor popular fez com que dessem marcha a ré.
“Por um lado, apresentam um plano privatizador para arrecadar fundos de forma desesperada e por outro querem sangrar os cofres públicos para suas campanhas políticas. Um absurdo total. Um país que está falido, que não tem orçamento para a saúde e nem para a educação, onde seus representantes políticos votam neste tipo de coisas... é insustentável!”.
Para Krischke não há uma saída no médio prazo, já que o orçamento público brasileiro está reduzido a quase nada, há mais de 14 milhões de desocupados e a atividade econômica está parada, portanto o Estado arrecada cada vez menos.
“Até pouco tempo o saldo da balança comercial ainda era favorável e a inflação vinha caindo, mas o povo está sem emprego. E sem emprego, não há consumo. Quem tem, com medo de perder o trabalho, gasta menos. E isso vira um círculo vicioso, do qual não sairemos assim facilmente”.
O pior de tudo – conclui Jair – é que os brasileiros e brasileiras não parecem estar preocupados.
Estão usando de raciocínios simplistas, como “a maioria dos trabalhadores não usa aeroportos, portanto a privatização não vai nos afetar”.
“É uma enorme falta de consciência política. Para piorar, o movimento sindical perdeu sua capacidade de mobilizar os trabalhadores e as trabalhadoras”, lamentou.