Com Rosecleia Castro
Rosecleia, Vice-presidenta da Regional de nossa Internacional, participou do Seminario Saúde e Trabalho no setor de Alimentação da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Alimentação (CONTAC/CUT) e da Rel UITA, realizado nos dias 25 e 26 de julho em Chapecó, Santa Catarina.
Gerardo Iglesias
13 | 8 | 2024
Rosecleia Castro | Foto: Gerardo Iglesias
Rosecleia Castro é técnica em saúde e segurança e coordena a Associação em defesa dos trabalhadores e vítimas de acidente e moléstias profissionais de São Paulo (ATRA), entidade que faz parte da FETIASP. Conversamos com ela sobre o permanente desafio da saúde em tempos ultraliberais.
—Qual sua avaliação deste seminário?
—Este evento, bem como outros que tratem sobre saúde e segurança são muito importantes no âmbito sindical porque ainda há dirigentes que desconhecem as pautas básicas de prevenção.
Eu acostumo fazer treinamento sobre isso e me encontro com vários diretores que desconhecem o básico sobre questões de saúde e segurança nas fábricas, especialmente como fazer quando se é vítima de acidente no trabalho ou de doença ocupacional.
Onde, como e com quem eu devo me comunicar para ter todos os meus direitos garantidos é uma das questões onde temos que insistir.
Trabalhadores, trabalhadoras, os dirigentes sindicais devem estar preparados para fazer valer seus direitos e a formação é a melhor ferramenta se não a única forma de conseguir isso. Porque as empresas levam seus técnicos seus profissionais na matéria, a gente também tem que estar preparado para a luta e para participar com autoridade na mesa de negociação.
—Chega a ser constrangedor o fato, de uma indústria com um crescimento imenso como é a frigorífica, seja a que mais adoeça e afaste trabalhadores e trabalhadoras...
—É indignante. Ainda mais quando você vê os salários do pessoal de chão de fábrica de empresas gigantes como a JBS ou Marfrig, são todos menores a qualquer empresa do setor da alimentação da nossa base sindical em São Paulo, é vergonhoso.
Empresas frigoríficas enormes, que ano após ano acrescentam vendas e o único que não melhora no setor são os salários dos operários e as condições de trabalho dentro das unidades.
O movimento sindical tem que abrir espaços para debater, entre outras pautas, o que acontece com os vazamentos da amônia na indústria frigorífica, cada vez mais frequentes. São assuntos que devem estar na agenda sindical, como tantos outros.
Como entidades sociais, os sindicatos têm que abranger todos os temas que de forma direta ou indireta nos atingem como indivíduos e como sociedade, como trabalhadores e consumidores que somos.