Para o assessor jurídico d a Confedera ao Nacional dos Trabalhadores Assalariados e Assalariadas Rurais (Contar), a Reforma Trabalhista da maneira que foi proposta pelo governo não é democrática, pois não leva em consideração o lado mais fraco da moeda: os trabalhadores.
"O projeto tem um vício de essência. A Justiça do Trabalho sempre existiu considerando um fator que é inegável, existe um lado mais forte e um lado mais fraco. Você constrói a legislação para tentar equilibrar a equação", explica.
Chaves afirma que a proposta quebra com o princípio e passa a falsa ideia de que patrões e empregados tem a mesma condição de negociar.
"Eu construo o projeto onde eu estou dizendo que o empregador vai sentar com o sindicato, mas também estou acabando com a fonte de financiamento dele e crio a possibilidade de uma representação paralela", afirma.
De acordo com o assessor jurídico, um exemplo prático para compreender este problema é a possibilidade da homologação de desligamento do funcionário ser feita diretamente pela empresa, sem passar pelo sindicato.
"O trabalhador chega com o patrão, tem o termo de rescisão para assinar. Mas quando existe algum equívoco, a empresa tem o dever de corrigir para que ele receba tudo certinho. Quando o projeto tira a possibilidade de um mediador explicar isso para o trabalhador, quem é que vai resolver todas essas dúvidas"
Chaves acredita que se houvesse um diálogo maior entre parlamentares, governo e as partes envolvidas, a Reforma Trabalhista poderia ser um novo instrumento de negociação.
No entanto, a pressa em aprovar o texto dificulta a conversa e até mesmo o reconhecimento dos pontos positivos para ambos os lados, como por exemplo, a contribuição sindical.
"A coisa é tão grave que o relator Ricardo Ferraço apresento um relatório dizendo que há pontos que precisam ser modificados. Eu sugiro ao presidente que ele faça por meio de medida provisória ou por meio de outros projetos de lei. Vai come ar outra guerra", afirma.
Segundo a Contar, o ponto central de entendimento para os empregadores sobre "o perigo" da aprovação deste texto é manchar a imagem da nossa produção agrícola em outros países com a retomada de práticas antigas e ilegais no campo. "lsso que está acontecendo é um rebaixamento nas relações e o mundo vai ver".