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Com Carlos Eduardo Chaves “Cadu”
Sobre a carteira de trabalho Verde e Amarela

“A precarização formato Verde-Amarelo”

Em 15 de abril, foi aprovada pela Câmara de Deputados a medida provisória 905/2019 que estipula o contrato Verde e Amarelo. Sobre essa nova norma conversamos com o "Cadu", assessor legal das nossas filiadas CONTAR e CONTAG, para conhecer os impactos dessa medida para a classe trabalhadora em geral e para o
Foto: Imagem: Allan Mcdonald | Rel UITA

-Quais são as maiores incidências desta nova lei?
-Essa lei é considerada por vários especialistas como a segunda etapa da reforma trabalhista e é pensada com o mesmo objetivo, que é eliminar os direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras, aliviando assim a carga tributária dos empresários.

O Brasil tem uma taxa de desemprego muito alta que se moveu um pouco nos últimos meses, mas não porque a oferta de trabalho aumentou, mas porque uma grande parcela da população parou de procurar emprego.

A oferta de empregos precários cresceu devido aos aplicativos como Uber, Ifood, Rapid, cujos trabalhadores e trabalhadoras muitas vezes nem chegam sequer a receber um salário mínimo, sem garantias de emprego com essa falsa sensação de serem autônomos quando na verdade são apenas subempregados.

-E quanto aos trabalhadores e trabalhadoras rurais?
-Essa mesma receita afetou a renda dos assalariados e assalariadas rurais quando a reforma trabalhista permitiu ao empregador não pagar as horas de deslocamento, ou seja, o tempo que os trabalhadores levam para chegar às fazendas.

Isso causou uma redução de até 20% do salário.

Hood Robin

-Seus defensores afirmam que essa nova medida gerará mais postos de trabalho…
-Esse tipo de contratação, concebida sob o pretexto de gerar emprego, é outra falácia do governo, que a única coisa que consegue é enfraquecer a legislação trabalhista e precarizar ao máximo as condições de trabalho.

Outra de suas consequências é que altera a fiscalização trabalhista, criando uma regra de visita dupla do auditor fiscal. A primeiro seria para alertar e a segunda para atuar.

Isso tem um grande impacto porque há bem poucos auditores e cada vez menos orçamentos para as auditorias.

No que diz respeito aos direitos trabalhistas, impõe uma mudança muito prejudicial, pois cobra mais dos trabalhadores que estão no seguro-desemprego e reduz a contribuição dos empregadores.

Isso lhe rendeu o apelido de «Lei Robin Hood às avessas», porque tira dos pobres para dar aos ricos.

O Senado tinha até segunda-feira, 20 de abril, para votar a MP do contrato verde e amarelo, mas foi tirada da pauta. Há fortes rumores que o presidente Bolsonaro vai reeditar a mesma MP com novo prazo para votação.

Em Montevideo, Amália Antúnez