18 anos do Viver Mulher da CONTRATUH
A edição de 2024 deste evento, realizado pela nossa filiada, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade (CONTRATUH), há quase 20 anos, teve como tema central a saúde mental.
Amalia Antúnez
11 | 4 | 2024
Maria dos Anjos Hellsmeister (Mariazinha)
Os principais referentes da Confederação falaram no encontro nacional de mulheres, que tem como geradora a nossa companheira Maria dos Anjos Hellsmeister, conhecida como Mariazinha.
Mais de 70 por cento dos quatro milhões de filiados e filiadas à CONTRATUH são mulheres.
Este ano, o encontro aconteceu - pela primeira vez desde o fim da pandemia - presencialmente em Belo Horizonte, Minas Gerais, com transmissão ao vivo pelo canal do YouTube no dia 22 de março passado.
Entre as apresentações, destacaram-se as da procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT) e vice-coordenadora nacional da Comissão de Promoção da Igualdade de Oportunidades do MPT, Fernanda Barreto Naves, e da Dra. Odette Reis, auditora fiscal do Trabalho e médica especializada em medicina do trabalho.
Barreto abordou as violências cotidianas contra as mulheres no mundo do trabalho, enquanto Reis focou no assédio moral e sexual, também no ambiente de trabalho, com suas consequências para a saúde mental das trabalhadoras.
De acordo com um estudo do DIESSE, as mulheres dedicam cerca de 17 horas por semana ao cuidado dos filhos e familiares, assim como às tarefas domésticas. Já os homes, em comparação, dedicam 11 horas.
“Muitas empresas ainda costumam perguntar às mulheres que estão procurando emprego se têm filhos ou planejam tê-los. Esse tipo de questionamento não é feito aos homens, então é uma forma de violência discriminatória contra as mulheres", exemplificou Barreto.
Ambas as profissionais concordaram que a principal violência enfrentada pelas mulheres no ambiente de trabalho é o assédio moral e sexual.
Reis ressaltou a importância da Convenção 190 da OIT, que fornece um arcabouço legal para uma questão cada vez mais preocupante.
"A Convenção 190 define o assédio moral e sexual no trabalho e busca promover ambientes de trabalho livres de qualquer tipo de violência", destacou.
Segundo um relatório recente da Organização Mundial da Saúde, os transtornos mentais são a principal causa de incapacidade ocupacional.
"Ambientes de trabalho saudáveis e livres de violência têm um impacto positivo nas trabalhadoras", afirmou Ángela Matilde Soares, psicopedagoga e professora, que se aprofundou nas causas dos diversos transtornos mentais.
O assédio moral e/ou sexual no trabalho pode gerar ansiedade, apatia, humor depressivo, irritabilidade e mudanças de humor, entre outros", disse.
Também hipertensão, alterações no peso, queda de cabelo, dores de cabeça e úlceras, e do ponto de vista comportamental, distúrbios alimentares, disfunção sexual, aumento do consumo de drogas, tabaco e álcool.
A Rel UITA, por meio do Comitê Latino-Americano de Mulheres (Clamu), vem trabalhando na importância da ratificação da Convenção 190 da OIT sobre violência e assédio no mundo do trabalho.
Desde a sua aprovação em junho de 2019, as organizações sindicais filiadas à UITA têm promovido espaços de debate com o objetivo de contribuir para a formação das organizações filiadas, visando o conhecimento e a atuação sindical desta importante normativa.
Cabe ressaltar que o Brasil ainda não ratificou a Convenção 190.