JBS e suas atividades ilegais nos Estados Unidos
A empresa brasileira JBS, gigante transnacional do setor das carnes, está no centro de vários escândalos nos Estados Unidos, conseguindo driblar um deles, por enquanto.
Daniel Gatti
02 | 03 | 2023
Foto: Gerardo Iglesias
Em 18 de fevereiro, Packers Sanitation Services (PSS), uma das maiores empresas de limpeza da indústria de alimentos norte-americana, foi condenada a pagar uma multa de 1,5 milhão de dólares, por ter mais de cem crianças de até 13 anos, todas migrantes latinas, trabalhando nas fábricas empacotadoras de carne.
O caso estava sendo investigado desde o ano passado, envolvendo não só a PSS, como também as empresas que usam da terceirização de seus serviços, porque as crianças trabalhavam limpando máquinas e equipamentos das fábricas das gigantes JBS Foods, Cargill e Tyson Foods.
Entretanto, estas grandes empresas não foram punidas. Só puniram a terceirizada por elas, a PSS.
Em uma fábrica da JBS em Gran Island, Nebraska, os fiscais do trabalho encontraram 27 menores de idade trabalhando no turno da noite.
Decisões como esta multa não parecem ser suficientes para combater o fenômeno da exploração do trabalho infantil, que nos Estados Unidos vem aumentando.
De acordo com uma pesquisa publicada em novembro passado, no jornal britânico Daily Mail, o número de menores de idade que trabalham em fábricas e restaurantes cresceu 26 por cento em 2022, em comparação com 2021.
As cifras são ainda mais alarmantes no mundo rural, onde há pelo menos 300 mil crianças e adolescentes trabalhando ilegalmente.
De qualquer jeito, nos Estados Unidos, a JBS está na mira da justiça também por outros casos.
Vários de seus diretores foram condenados nos últimos dois anos pelo pagamento de subornos. Outros estão sendo investigados.
Em janeiro, o grupo ambientalista Mighty Earth denunciou a transnacional perante a Comissão da Bolsa de Valores (SEC, na sua sigla em inglês) pela emissão de “green bonds” da JBS, de maneira fraudulenta. A investigação deve abarcar pelo menos US$ 3 bilhões de títulos.
Tais títulos estão ligados a “metas de sustentabilidade” que a transnacional está distante de cumprir.
Em 2022, o Instituto para Políticas de Agricultura e Comércio concluiu que a contaminação com gases de efeito estufa, gerada pelas 15 principais empresas do setor das carnes e de laticínios do mundo é maior do que a gerada por países como a Rússia, o Canadá e a Austrália juntos. A JBS é a poluidora vencedora do pódio.
Senadores democratas pediram ao Departamento de Agricultura que suspendesse a atividade de várias subsidiárias da gigante brasileira.
Mas, devem enfrentar o ministro deste setor, Tom Vilsack, que considerou “prejudicial para os contribuintes norte-americanos” punir essas empresas.