Dois anos após haver iniciado seu trabalho na fazenda, começaram as dores.
“As mãos me doíam, ficavam dormentes e inflamavam. De noite, eu sentia uma grande ardência em todo o braço direito, que não me deixava dormir. Senti medo porque não entendia o que estava acontecendo”, disse a trabalhadora para A Rel.
Waldina garante que começou a trabalhar em perfeitas condições físicas e que sua doença está diretamente ligada ao tipo de trabalho que fazia na fazenda.
“Quando me contrataram, eu fiz todos os exames que pediram e eu não tinha nenhum problema de saúde. Esta doença mudou a minha vida. Não importa o que a empresa diga, eu sei que contraí a doença na fazenda”, afirmou.
Os médicos diagnosticaram síndrome de túnel do carpo e ela teve que se submeter a uma cirurgia. Dois meses depois, já estava de volta ao trabalho.
“Não deixaram que eu me recuperasse plenamente, nem quiseram me reposicionar. Voltei a realizar os mesmos movimentos que me adoeceram, e agora estou pior do que antes da operação”, disse Waldina mostrando sua mão e seu braço inflamado.
No caso de Waldina Ayestas e de muitas outras colegas de trabalho, esta é a “crônica de uma doença anunciada”.
“Em repetidas ocasiões, pedi ao meu chefe imediato que me colocasse em outro posto, porém não me escutaram. Dizem que, se não há uma ordem médica, tenho que continuar neste mesmo posto.
Trabalho das 7 da manhã às 7 da noite, e já não aguento a dor. Nem mesmo posso mais realizar as minhas tarefas domésticas e tenho que pagar alguém para que me ajude em casa”, lamentou.
Waldina explicou que há mais 16 trabalhadoras sofrendo desta mesma situação e que também já foram operadas.
“Logo logo outras serão afetadas. É só uma questão de tempo”, alertou a trabalhadora.
“Estarmos filiadas ao sindicato foi fundamental. Nunca nos deixaram sozinhas nesta luta”, disse a trabalhadora de Chiquita Honduras.
Também agradeceu à Rel-UITA, à USTABH1, à Rede de Sindicatos das Empresas Maquiladoras e à Festagro, pela organização da Oficina sobre Segurança e Saúde no Trabalho, ministrada nos dias 2 e 3 de julho, em San Pedro Sula, pelo especialista em Medicina do Trabalho, Roberto Ruiz.
“Foi enriquecedor, porque nos ajuda a entender a importância de nos conscientizarmos sobre estas problemáticas, ao mesmo tempo em que nos anima a nos organizarmos para enfrentarmos juntos esta exploração que nos adoece”, concluiu Waldina Ayestas.
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