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Com José Afranes de Carvalho
Negociações continuam paralisadas
El chantaje de Lactalis
A empresa mantém sua proposta de condicionar a assinatura do acordo coletivo à assinatura do pagamento por lucros e resultados (PLR), diz em entrevista para a Rel José Afranes de Carvalho, presidente da Federação dos Trabalhadores da Indústria da Alimentação de Minas Gerais (FTIA-MG), que representa os trabalhadores e as trabalhadoras da Lactalis naquele estado.
Amalia Antúnez
07 | 04 | 2022
Foto: Divulgação
Para o dirigente, que se reuniu com a empresa na quinta-feira, 31 de março, a Lactalis do Brasil pretende fazer uma barganha que favoreça claramente os interesses da transnacional.
“Na reunião com o CEO da Itambé (Lactalis) e a diretora de Recursos Humanos, percebemos que a empresa pretende negociar por meio de chantagem realizar uma barganha: o pagamento por lucros e resultados (PLR) em troca da assinatura do acordo coletivo, condicionante que não vamos aceitar", disse.
Questionado sobre como as negociações continuam diante da postura tão intransigente da empresa, José Afranes destacou que a Federação não vai ceder porque a Lactalis não é a única transnacional com quem negociam acordos coletivos de condições de trabalho.
"Atualmente a Lactalis é a empresa transnacional número um do mundo no setor de laticínios, e nossa Federação negocia com várias empresas transnacionais. Eu mesmo sou um funcionário aposentado da Nestlé e ainda estou muito ativo sindicalmente".
“Em 2021, negociamos com esta empresa um reajuste salarial com base no percentual da inflação, mais alguns pontos de aumento real, e em fevereiro deste ano a Nestlé pagou uma PLR de 112 por centro sobre o salário base”, explicou o dirigente.
E acrescentou: “Então, se a federação aceitar essa proposta da Lactalis, de reajuste abaixo da inflação condicionada ao pagamento de resultados, com que argumentos vamos negociar com outras empresas como a Nestlé ou a AmBev neste ano e nos seguintes?”.
Para José Afranes é claro que se o Sindicato aceitar uma proposta tão inferior, as demais transnacionais com as quais negocia farão o mesmo para tornar as negociações futuras mais precárias.
“Essas transnacionais acham que vão vir ao Brasil e se aproveitar da atual conjuntura desfavorável, com mais de 13 milhões de desocupados, para precarizar os salários e as condições de trabalho.”
"Pelo menos aqui em Minas Gerais isso não vai acontecer, os trabalhadores e as trabalhadoras que são representados pela federação não vão assinar essa proposta", ressaltou.
Segundo informações do dirigente, em outros sindicatos da Lactalis em Minas Gerais, os dirigentes aceitaram a oferta da empresa porque seus representantes foram ameaçados, alguns até de morte.
“Houve companheiros que não conseguiram resistir porque a pressão era imensa, porque não são só dirigentes, são também funcionários da Lactalis. Em alguns casos houve até ameaças de morte contra o presidente da organização sindical. Uma loucura".
José Afranes informou que os sindicatos e federações que representam os trabalhadores e as trabalhadoras da transnacional estão organizando mobilizações para denunciar a postura da empresa.
“Nesta segunda-feira, os companheiros e companheiras do sul se mobilizarão em protesto contra a recusa da Lactalis em negociar de boa fé. Esse será só o começo”, anunciou.