A proposta já havia sido recusada em assembleia realizada no mês de dezembro por 95% da categoria, entretanto, a empresa insiste na submissão da proposta à nova assembleia, mesmo sabendo que ela será recusada novamente.
A alegação da empresa é a de que o setor passa por dificuldades e com índice de produção baixa, o que dificultaria o pagamento da reposição da inflação. Em resumo a empresa oferece um reajuste de 8,5%, referente à inflação do período, dividido da seguinte forma: 7,0% retroativo a data base (outubro/2016) e 1,5% a partir do mês de maio.
As outras reivindicações pendentes referem-se ao piso salarial dos trabalhadores do viveiro de mudas e o pagamento do tempo de deslocamento ao local de trabalho (hora in itinere) a empresa sinaliza que não fará qualquer avanço.
Após pedido formulado foi realizada reunião de mediação no último dia 10 de março na sede da Gerência Regional do Trabalho, quando a empresa reafirmou que não haveria qualquer proposta nova e solicitou que a proposta fosse submetida à uma nova assembleia, mesmo sem alterar o que mais desagradou os trabalhadores, o pagamento de reajuste parcelado.
A empresa alega que não haverá prejuízo com o parcelamento do reajuste, mas a CONTAG entende o contrário. Para Carlos Eduardo Chaves, assessor da Secretaria de Assalariados Rurais da CONTAG, “a proposta da Veracel é vergonhosa, primeiro porque se a inflação não é parcelada para os trabalhadores, porque a empresa quer parcelar a reposição da inflação para estes mesmos trabalhadores”.
O outro aspecto que precisa ser observado é que a empresa, ao parcelar o reajuste, economizará com o pagamento de salários, gratificação natalina, dentre outros, durante o período de outubro de 2016 à abril de 2017, e será essa economia que será utilizada para pagar o reajuste a partir de maio.
Em resumo, a empresa quer pagar os trabalhadores a partir de maio com o que retirou ele desde outubro, ou seja, quer que os trabalhadores arquem com o seus reajustes.”
O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Eunápolis denuncia ainda que a Veracel vem tentando vencer pelo cansaço os trabalhadores e utilizando meios pouco aceitáveis para forçar a aprovação da proposta por ela encaminhada, como a suspensão do pagamento do auxílio escolar.
Para os trabalhadores a insistência da Veracel em submeter a mesma proposta já reprovada é um equívoco, já que este foi um dos motivos da greve deflagrada no ano de 2013, greve que durou 5 dias e que só se encerrou após o recuo da empresa.
“Em 2013, a Veracel insistiu para que o Sindicato submetesse a assembleia a mesma proposta mais de uma vez e isso irritou bastante os trabalhadores. Agora, faz a mesma coisa com um agravante, a suspensão do auxilio escolar, o que já obrigou muitos trabalhadores a tomarem empréstimos bancários para comprar o material escolar dos seus filhos e outros, que sequer linha de crédito possuem, estão até hoje sem poder comprar”, destacou Chaves.
Para a CONTAG a intransigência da Veracel na mesa de negociação parte de uma imposição de uma de suas acionistas a Fibria.
“A Fibria é uma gigante no mercado mundial de celulose e em todas as mesas de negociação apresentou proposta de parcelamento da reposição da inflação, tenta agora impor esse modelo aos trabalhadores da Veracel.
Não aceitaremos esse reajuste e denunciaremos a Veracel e suas sócias, Fibria e Stora Enso, em todas as instâncias possíveis para mostrar ao mundo que estas empresas são capazes de suprimir dinheiro dos trabalhadores para ganhar mais dinheiro”, salientou.